Tuesday 17 January 2012

Sociedade se mobiliza contra aumento das passagens #contraoaumentoTHE

Postado originalmente por o Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior - Andes-SN em http://www.andes.org.br:8080/andes/print-ultimas-noticias.andes?id=5097
O reajuste das passagens de ônibus em várias capitais brasileiras neste início de ano tem provocado reações da sociedade civil. Estudantes e trabalhadores de Teresina (PI), e Vitória (ES), por exemlo, ocuparam as ruas nos últimos dias para protestar contra o aumento das passagens dos transportes urbanos municipais. Em Teresina, os protestos já duram mais de uma semana e oito pessoas foram presas, sendo sete estudantes e um professor. Já em Vitória, as manifestações começaram terça-feira (10) e um ônibus foi queimado. É a população lutando para que o transporte coletivo seja de fato um serviço público e não uma fonte de lucro para os empresários do setor.

O poder público tem se negado a negociar com os manifestestes, o que tem intensificado as mobilizações. Para o professor Geraldo do Nascimento Carvalho, 2º vice-presidente da Regional Nordeste I do ANDES-SN, a recusa ao diálogo e a violência têm objetivo estratégico.

“Essa atitude é recorrente entre os governantes e faz parte do processo de criminalização dos movimentos sociais, sindicais e estudantil e busca reprimir todos aqueles que ousam questionar os ataques constantes aos direitos sociais da população”, comentou.

Os estudantes, como usuários massivos desse tipo de transporte, são os primeiros a se levantar, mas contam com forte apoio e participação de outros movimentos organizados. Tanto em Teresina, quanto em Vitória, as manifestações já saíram da órbita do movimento estudantil.

“O movimento em Teresina é sólido e organizado no Fórum Estadual dos Servidores Públicos, com forte unidade entre trabalhadores e estudantes em torno da pauta comum. Entre as reivindicações imediatas estão a melhoria do transporte público, com a redução da tarifa, integração de verdade e abertura de diálogo com a prefeitura para se discutir, de forma estratégica, um projeto em médio e longo prazo para aperfeiçoamento do transporte público, de forma a atender de maneira eficiente aqueles que fazem uso do sistema e que representam a maioria da população”, conta o diretor do ANDES-SN e também professor da Universidade Federal do Piauí.

Teresina
As prisões dos oito manifestantes (duas mulheres e seis homens) piauienses aconteceram terça-feira (10), quando eles participaram vê uma passeata na avenida Frei Serafim. Eles só foram liberados na tarde desta quinsa-feira (12), após pagarem uma fiança de R$ 2.073, cada um, e se comprometerem a não participar de novas manifestações.

A estudante Helena Beatriz Batista de Sá, uma das presas, denunciou que apanhou e foi arrastada no meio da rua. "Apanhei, fui arrastada no meio da rua. Isso não se faz. Quem deveria estar aqui era o prefeito", afirmou. "Dormi no chão. As outras presas (foi que) me arrumaram onde dormir", acrescentou. Ela confirma que, a condição de sua soltura foi não voltar aos protestos. "Estou proibida, de acordo com o alvará, de participar de qualquer manifestação".

Antonio Wilson Vieira Júnior, estudante do curso de Inglês da Uespi, reclamou da prisão. "Fomos acorrentados como animais. Nos trataram da pior maneira possível", declarou. Ele nega ter motivos para ser preso. "Fui ajudar um rapaz que estava com o olho sangrando. Fui filmar o manifesto e um policial me levou para a Central de Flagrantes. Fui preso apenas porque estava passando por lá", relatou.

Na quinta-feira (12) e na sexta-feira (13) foram realizadas outras duas manifestações no Centro de Teresina, que contaram com a participação de cerca de 100 pessoas, cada uma.  Muitos estudantes usavam nariz de palhaço. O prefeito Elmano Férrer (PTB) afirmou que vai receber as lideranças estudantis na próxima semana, mas até lá, os estudantes adiantaram que continuarão com os atos públicos.

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-PI) decidiu por unanimidade apoiar o movimento #contraoaumento e se posicionou contrária às regras do sistema de integração implantando em Teresina.

Segundo o presidente da OAB-PI, Sigifrói Moreno, a Ordem irá acompanhar de perto as ações de repressão à manifestação. "É um protesto legítimo e nós condenamos os excessos, assim como questionamos o arbitramento da fiança, que deve levar em conta o crime cometido e a condição financeira do detido. Portanto, não aceitamos o que foi estipulado", ressaltou.

Os manifestantes querem a redução no preço das passagens em Teresina, que subiram de R$ 1,90 para R$ 2,10, e mudanças no sistema de integração de ônibus implantado no município.

Espírito Santo
Em Vitória (ES) as passagens subiram de R$ 2,20 para R$ 2,35 na capital, num aumento de 6,82%, e de R$ 2,30 para 2,45 na região metropolitana, num aumento de 6,5%. O reajuste foi aprovado no dia 6 de janeiro (sexta-feira) e entrou em vigor no dia 8 (domingo).

Na quarta-feira (11) um protesto reuniu cerca de 200 pessoas no Centro de Vitória, entre estudantes e trabalhadores da área portuária e da construção civil. Os manifestantes foram duramente reprimidos pelo Batalhão de Missões Especiais (BME). A população que circulava pelo centro da capital capixaba ficou assustada com a ação e também foi atingida.

Para a funcionária pública Sandra Santoro, que mora no centro de Vitória e que acompanhou a manifestação, o BME agiu com extrema violência. “Era um horário em que as pessoas estavam chegando para trabalhar e muitos se uniram ao protesto de forma pacífica”, disse. Ela também ressaltou que muitas pessoas foram atingidas pelas balas de borracha, passaram mal e receberam socorro dos estudantes.

Em frente ao Porto de Vitória, um ônibus foi queimado. Sobre a autoria do incêndio, até o momento não é conhecida, mas foi aberto um inquérito para averiguação.

Segundo o professor secundarista Gildo Oliveira, militante do Movimento Passe Livre, o governo do Estado não se mostrou disposta a dialogar com os manifestantes na reunião do Conselho Tarifário, que aconteceu na semana passada. “Em momento algum eles cogitaram dialogar com a sociedade. Para nós, os argumentos apresentados para justificar o aumento da passagem não são válidos”, afirma.

O secretário Estadual de Transporte e Obras Públicas, Fábio Damasceno, adiantou que o governo não deve renegociar o preço das tarifas de ônibus. Já o vice-governador do Espírito Santo, Givaldo Pereira (PT) criticou, pela imprensa, as manifestações.

Novas manifestações forma realizadas nestas quinta e sexta-feira (13). No dia 12, os participante do Movimento contra o Aumento (MAC) fizeram uma concentração na Ponte da Passagem, o que permitiu que por cerca de 2 horas a empresa administradora do pedágio que funciona no local liberasse a passagem dos carros sem cobrar nada. Também foram realizados protestos na BR que fica em frente à Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes).

Os estudantes vão realizar um assembleia na tarde deste sábado (14), no campus da Ufes (Universidade Federal do Espírito Santo), para decidir a mobilização que será feita na próxima semana.

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