Tuesday 29 January 2013

Fazendeiro contrata o assassinato do Cacique Guarani Kaiowá Ládio Veron para hoje, urgente!!! (#Brasil) / Farmer contracts for the murder of Ladio Veron, Chief #GuaraniKaiowá, for today. Urgent!! (#Brazil)

Postado originalmente via Facebook por Givanildo-Giva Guarani Kaiowa Manoel em https://www.facebook.com/givanildogiva.manoel/posts/494876297215270
Trazido a minha atenção por @PersonalEscrito via Twitter


Originally posted via Facebook by Givanildo-Giva Guarani Kaiowa Manoel at https://www.facebook.com/givanildogiva.manoel/posts/494876297215270
Brought to my attention by @PersonalEscrito via Twitter 




Acabei de receber telefonema do Cacique Guarani Kaiowá Ládio Veron da Aldeia Takuara região de Juti e Cáraapo, avisando que o fazendeiro pagou ao jagunço Moacir, para que ele o mate ainda hoje.

I just received call from Cacique Guarani Kaiowá Ladio Veron Village Takuara region Juti Cáraapo and warning that the farmer paid the gunman Moacir, to kill him today.

As autoridades já foram avisados dessa ameaça e nada fizeram, só a nossa mobilização agora poderá garantir a vida do Cacique Ládio.

Authorities have been advised of this threat and they have done nothing! Only action on our part can now save the life of Cacique Ladio.

Por favor, solicitamos à todos que acionem todos os seus contatos, governamentais , parlamentares, intelectuais , para que pressionem os governos a garantirem a segurança e a vida do Cacique Ládio.

Please ask everyone to get in touch with all your contacts, government, parliamentarians, intellectuals, to put pressure on governments to ensure the safety and life of Cacique Ladio.

Hoje temos um companheiro na Aldeia Takuara que está na Aldeia Takuara e poderá passar maiores informações ou qualquer um pode falar diretamente com o Cacique Ládio.

We have a partner who is located in Takuara Village and can who can provide further information. It is also possible to talk directly to the Chief Ladio.

Informações (Fones): 
Ládio Veron 067-96994079
Anibal na Takuara 011-986738302
Givanildo em SP 011- 95352-2849


Information (Phone numbers):
Ladio Veron 067-96994079
Anibal in Takuara 011-986738302
Givanildo in SP 011 - 95352-2849



#Brazil: “Massacre of #Pinheirinho”, One Year Later / #Brasil: “Massacre do #Pinheirinho”, Um Ano Depois

Originally posted by Global Voices at http://globalvoicesonline.org/2013/01/28/brazil-massacre-of-pinheirinho-one-year-later/ and at http://pt.globalvoicesonline.org/2013/01/28/brasil-massacre-do-pinheirinho-um-ano-depois/
By Raphael Tsavkko Garcia (@Tsavkko)

Postado originalmente por Global Voices em http://globalvoicesonline.org/2013/01/28/brazil-massacre-of-pinheirinho-one-year-later/ e em http://pt.globalvoicesonline.org/2013/01/28/brasil-massacre-do-pinheirinho-um-ano-depois/
Por Raphael Tsavkko Garcia (@Tsavkko)

(A versão em Português deste artigo pode ser encontrado logo abaixo da versão em Inglês.)



January 22, 2013 marked one year since the violent eviction of the Pinheirinho settlement in the city of São José dos Campos, Brazil. As Global Voices reported back then:
On January 22, the Military Police of São Paulo (PMSP) and the Metropolitan Civil Guard (GCM) of the city of São José dos Campos, in the state of São Paulo, invaded the settlement known as Pinheirinho to comply with an order of repossession issued by the state court. The violent eviction of the community became known as “Massacre do Pinheirinho” (Massacre of Pinherinho) after a demonstration of violence and brutality by the police in the expulsion and intimidation of residents dumped in the midst of a huge legal mess.
"No more runaround, we want a solution". Photo taken during the political act recalling the one year of eviction. Photo by Beatriz Bevilaqua. (Used with permission.)
“No more runaround, we want a solution”. Photo taken during the demonstration marking the one-year anniversary since the eviction. Photo by Beatriz Bevilaqua. (Used with permission.)
A demonstration to commemorate the date took place at the entrance to the grounds of Pinheirinho - now empty - in São José dos Campos. Historian Rogério Beier, participating in the filming of a documentary about the case, commented [pt] on the current situation of the more than 1,500 families that were evicted, “causing much pain and suffering to more than 8,000 people living on the land”:
Passado um ano desde a desocupação, essas pessoas seguem sem uma solução definitiva com relação a moradia adequada e, pior, continuam sofrendo diversos tipos de violências como preconceito e discriminação, desintegração da família, péssimas condições de moradia e dificuldades para encontrar emprego, dentre outras.
[…]
O ato foi muito importante para marcar um ano desde a reintegração de posse do Pinheirinho. O terreno, desde então, continua vazio e as pessoas que ali moravam, seguem desabrigadas. A data não podia passar em branco e a organização do evento está de parabéns por relembrar ao Brasil que a luta do Pinheirinho ainda continua. Também entendemos que é bastante importante saber que os políticos que participaram do ato, se posicionam claramente ao lado dos ex-moradores do Pinheirinho na luta por uma solução definitiva para a moradia dessas mais de 8 mil pessoas. Apesar disso, esperávamos que o ato fosse marcado pela participação dos ex-moradores como personagens principais das atividades que ali se desenrolariam, o que infelizmente não aconteceu. Foi impossível não sair com uma sensação de desapontamento ao constatar que, tal como alguns moradores haviam nos adiantado, o ato do Pinheirinho no Poliesportivo acabou dando muito mais um espaço aos políticos do que aos ex-moradores.
One year on since the eviction, these people still haven't been able to find a final solution with respect to adequate housing and, worse, continue to suffer various types of violence such as prejudice and discrimination, family breakdown, poor housing conditions and difficulties in finding employment, among others.
[…]
The demonstration was very important to mark one year since the repossession of Pinheirinho. The land has since remained empty and the people who lived there still remain homeless. The date could not be allowed to pass by unacknowledged and event's organizers are to be congratulated for reminding us that the struggle of Pinheirinho still continues. We also understand that it is very important to know that politicians who participated in the demonstration, clearly aligning themselves in support of the former residents of Pinheirinho in the fight for a permanent solution for the housing of over 8,000 people. Nevertheless, we expected that the demonstration would see the participation of former residents as central figures of the activities that would unfold there, which unfortunately did not happen. It was impossible not to come away with a feeling of disappointment to find that, as some residents had warned us in advance, the Pinheirinho demonstration at the sports center ended up giving much more space to politicians than to the former residents.
Photo taken during the political act recalling the one year of eviction. Photo by Beatriz Bevilaqua. Used under permission.
Photo taken during the demonstration marking the one-year anniversary of the eviction. Photo by Beatriz Bevilaqua. (Used with permission.)
The COADE - Coletivo de Advogados para a Democracia (Lawyers for Democracy Collective) in its blog described [pt] what has changed in a year:
Um ano se passou e lamentavelmente a violência ainda permanece. Os moradores ainda não tem um teto para morar, ainda estão lutando por justiça e a justiça parece estar mais lenta do que de costume.
Por outro lado, estes cidadãos resistiram e resistem até hoje e não estão sozinhos. Temos o dever de exigir do poder público a devida reparação dos danos morais e patrimoniais causados àquela população.
Moradia é uma necessidade básica de sobrevivência. Trata-se de dignidade humana. É por isso que este Coletivo apoia incondicionalmente a luta das famílias do Pinheirinho.
A year has passed and unfortunately violence still remains. Residents still do not have a roof under which to live, they are still fighting for justice and justice seems to be slower than usual.
On the other hand, these citizens fought back and continue to fight back today and they are not alone. We must demand the government award due compensation for damages and injuries caused to that population.
Housing is a basic need for survival. It is about human dignity. That's why this Collective fully supports the struggle of the families of Pinheirinho.
Photo taken during the political act recalling the one year of eviction. Photo by Beatriz Bevilaqua. Used under permission.
Photo taken during the demonstration marking the one-year anniversary of the eviction. Photo by Beatriz Bevilaqua. (Used with permission.)
Blogger Conceição Oliveira (Maria Frô) commented [pt] on police violence against the population, especially against the elderly Ivo Teles, who later died of the injuries:
O senhor Ivo Teles dos Santos que aparece no vídeo abaixo com seu corpo frágil de  mais de setenta anos e que foi brutalmente espancado pelos PMs durante a invasão da tropa de choque no Pinheirinho e que após internação veio a falecer  é o símbolo da covardia e a violência do Estado contra seus cidadãos.
Militares da tropa de choque que espancaram idosos,  jogaram bombas de gás em mulheres e crianças e são acusados de violência sexual  foram parte do espetáculo grotesco do dia 22 de janeiro de 2012.
Mr. Ivo Teles dos Santos, who appears in the video below, with his frail body more than 70 years old and who was brutally beaten by officers during the invasion of riot police in Pinheirinho and who died after hospitalization, his case is the symbol of the state's cowardice and violence against its citizens.
Military riot police who beat the elderly, threw gas bombs at women and children and are accused of sexual assault were part of the grotesque spectacle on January 22, 2012.
She also posted a YouTube video by user Wilian Cesar showing the Ivo Teles arguing with police and showing the marks of violence he suffered:
The final message of struggle, comes from [pt] the blog of the Rede Extremo Sul (Extreme South Network) that represents the impoverished population and victims of violence from the southernmost parts of São Paulo:
Enquanto esse sofrimento, tão disseminado, não cimentar nossa união, e enquanto ele não for canalizado para o combate desse sistema que nos massacra, a cada ano teremos mais massacres para lembrar e lamentar. Que os lutadores e as lutadoras não demoremos a decidir e a dizer numa só voz: este foi o último! A dor desses massacrados é a nossa dor!
As long as this suffering, which is so widespread, does not unify us, and as long as it is not channeled in order to fight against this system that is killing us, every year we will have more massacres to remember and mourn. Let us hope that those that fight do not tarry to decide and say with one voice: this was the last one! The pain of those massacred is our pain!
Photo taken during the political act recalling the one year of eviction. Photo by Beatriz Bevilaqua. Used under permission.
Photo taken during the demonstration marking the one-year anniversary of the eviction. Photo by Beatriz Bevilaqua. (Used with permission.)
The land where Pinheirinho used to be remains empty. The Lebanese-born speculator Naji Nahas [pt], who owns the land, has not used it for anything. The recently elected mayor of São José dos Campos, Carlinhos Almeida, of the Workers Party - same party to which President Dilma Rousseff belongs - has failed to present a plan for the land or for those evicted by the previous government of the opposition Party of the Brazilian Social Democracy. At the same time, the federal government has also failed to find a solution for 6,000 to 9,000 people who lost everything.
YouTube user Fabiano Amorim posted a documentary which includes interviews with victims of the Pinheirinho eviction:
A documentary titled “Pinheirinho: One year later” is being recorded after a fundraising effort via Catarse, a crowdfunding website.
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O dia 22 de janeiro de 2013 marcou o primeiro ano da violenta desocupação da ocupação Pinheirinho na cidade de São José dos Campos, Brasil. Como o Global Voices relatou na época:
On January 22, the Military Police of São Paulo (PMSP) and the Metropolitan Civil Guard (GCM) of the city of São José dos Campos, in the state of São Paulo, invaded the settlement known as Pinheirinho to comply with an order of repossession issued by the state court. The violent eviction of the community became known as “Massacre do Pinheirinho” (Massacre of Pinherinho) after a demonstration of violence and brutality by the police in the expulsion and intimidation of residents dumped in the midst of a huge legal mess.
No dia 22 de janeiro, a Polícia Militar de São Paulo (PMSP) e a Guarda Civil Metropolitana (GCM) da cidade de São José dos Campos, no estado de São Paulo, invadiram a ocupação conhecida como Pinheirinho para cumprir uma ordem de reintegração de posse expedida pela justiça estadual. A violenta desocupação da comunidade ficou conhecida como “Massacre do Pinheirinho” após demonstração de violência e brutalidade por parte das forças policiais na expulsão e intimidação dos moradores despejados em meio a uma imensa confusão judicial.
"No more runaround, we want a solution". Photo taken during the political act recalling the one year of eviction. Photo by Beatriz Bevilaqua. (Used with permission.)
Foto tirada durante manifestação marcando o aniversário de um ano da descocupação. Foto de Beatriz Bevilaqua. (Usada com permissão.)
Uma manifestação para celebrar a data teve lugar na entrada do terreno do Pinheirinho - agora vazio - em São José dos Campos. O historiador Rogério Beier, que participa da filmagem de um documentário sobre o caso, comentou sobre a situação das mais de 1500 famílias expulsas de suas casas, “causando muita dor e sofrimento a mais de oito mil pessoas que viviam no terreno”:
Passado um ano desde a desocupação, essas pessoas seguem sem uma solução definitiva com relação a moradia adequada e, pior, continuam sofrendo diversos tipos de violências como preconceito e discriminação, desintegração da família, péssimas condições de moradia e dificuldades para encontrar emprego, dentre outras.
[…]
O ato foi muito importante para marcar um ano desde a reintegração de posse do Pinheirinho. O terreno, desde então, continua vazio e as pessoas que ali moravam, seguem desabrigadas. A data não podia passar em branco e a organização do evento está de parabéns por relembrar ao Brasil que a luta do Pinheirinho ainda continua. Também entendemos que é bastante importante saber que os políticos que participaram do ato, se posicionam claramente ao lado dos ex-moradores do Pinheirinho na luta por uma solução definitiva para a moradia dessas mais de 8 mil pessoas. Apesar disso, esperávamos que o ato fosse marcado pela participação dos ex-moradores como personagens principais das atividades que ali se desenrolariam, o que infelizmente não aconteceu. Foi impossível não sair com uma sensação de desapontamento ao constatar que, tal como alguns moradores haviam nos adiantado, o ato do Pinheirinho no Poliesportivo acabou dando muito mais um espaço aos políticos do que aos ex-moradores.
Photo taken during the political act recalling the one year of eviction. Photo by Beatriz Bevilaqua. Used under permission.
Foto tirada durante manifestação marcando o aniversário de um ano da descocupação. Foto de Beatriz Bevilaqua. (Usada com permissão.)
O COADE - Coletivo de Advogados para a Democracia descreveu em seu blog o que mudou em um ano:
Um ano se passou e lamentavelmente a violência ainda permanece. Os moradores ainda não tem um teto para morar, ainda estão lutando por justiça e a justiça parece estar mais lenta do que de costume.
Por outro lado, estes cidadãos resistiram e resistem até hoje e não estão sozinhos. Temos o dever de exigir do poder público a devida reparação dos danos morais e patrimoniais causados àquela população.
Moradia é uma necessidade básica de sobrevivência. Trata-se de dignidade humana. É por isso que este Coletivo apoia incondicionalmente a luta das famílias do Pinheirinho.
Photo taken during the political act recalling the one year of eviction. Photo by Beatriz Bevilaqua. Used under permission.
Foto tirada durante manifestação marcando o aniversário de um ano da descocupação. Foto de Beatriz Bevilaqua. (Usada com permissão.)
A blogueira Conceição Oliveira (Maria Frô) comentou sobre a violência policial contra a população, especialmente contra o idoso Ivo Teles, que morreu em decorrência dos ferimentos sofridos durante a desocupação:
O senhor Ivo Teles dos Santos que aparece no vídeo abaixo com seu corpo frágil de  mais de setenta anos e que foi brutalmente espancado pelos PMs durante a invasão da tropa de choque no Pinheirinho e que após internação veio a falecer  é o símbolo da covardia e a violência do Estado contra seus cidadãos.
Militares da tropa de choque que espancaram idosos,  jogaram bombas de gás em mulheres e crianças e são acusados de violência sexual  foram parte do espetáculo grotesco do dia 22 de janeiro de 2012.
Ela também postou um vídeo do YouTube do usuário Wilian Cesar mostrando Ivo Teles discutindo com policiais e mostrando as marcas da violência sofrida:
A mensagme final de luta vem do blog da Rede Extremo Sul, que representa a população empobrecida e vítima de violência do extremo sul da cidade de São Paulo:
Enquanto esse sofrimento, tão disseminado, não cimentar nossa união, e enquanto ele não for canalizado para o combate desse sistema que nos massacra, a cada ano teremos mais massacres para lembrar e lamentar. Que os lutadores e as lutadoras não demoremos a decidir e a dizer numa só voz: este foi o último! A dor desses massacrados é a nossa dor!
Photo taken during the political act recalling the one year of eviction. Photo by Beatriz Bevilaqua. Used under permission.
Foto tirada durante manifestação marcando o aniversário de um ano da descocupação. Foto de Beatriz Bevilaqua. (Usada com permissão.)
A terra onde se localizava a ocupação Pinheirinho continua vazia. O especulador de origem libanesa Naji Nahas, que se declara dono da terra, não a usou para nada até o momento.O prefeito recém-eleito da cidade de São José dos Campos, Carlinhos Almeida, do Partido dos TRabalhadores (PT) - mesmo partido da presidente Dilma Rousseff - falhou até o momento em apresentar um plano para a terra e para aqueles que de lá foram expulsos pelo governo anterior, do oposicionista PSDB. Ao mesmo tempo, o governo federal também falhou em encontrar uma solução para as 6-9 mil famílias que perderam tudo.
O usuário do Youtube Fabiano Amorim postou um documentário onde inclui entrevistas com as vítimas da desocupação violenta do Pinheirinho:
E um documentário chamado “Pinheirinho: One year later” está sendo gravado com recursos conseguidos via Catarse, aum site de crowdfunding.


#Indigenous Xavantes of Marãiwatsédé Fight for the Right to Their Land (#Brazil) / #Indígenas Xavantes de Marãiwatsédé lutam pelo direito às suas terras (#Brasil)

Originally posted by Global Voices at http://globalvoicesonline.org/2013/01/29/indigenous-xavantes-of-maraiwatsede-fight-for-the-right-to-their-land/ and at http://pt.globalvoicesonline.org/2012/12/12/indigenas-xavantes-de-maraiwatsede-lutam-pelo-direito-as-suas-terras/
By Raphael Tsavkko Garcia (@Tsavkko)

Postado originalmente por Global Voices em http://globalvoicesonline.org/2013/01/29/indigenous-xavantes-of-maraiwatsede-fight-for-the-right-to-their-land/ e em http://pt.globalvoicesonline.org/2012/12/12/indigenas-xavantes-de-maraiwatsede-lutam-pelo-direito-as-suas-terras/
Por Raphael Tsavkko Garcia (@Tsavkko)

(A versão em Português deste artigo pode ser encontrado logo abaixo da versão em Inglês.)


[This article was originally published in Portuguese on December 12, 2012.]
Having inhabited the Marãiwatsédé territory in the north of the state of Mato Grosso for centuries, natives of the Xavante ethnic group face occupation and threats from farmers who are trying to evict them from their homeland. The land, which was returned to them 14 years ago, has been invaded almost entirely by settlers and landowners. On December 6, 2012, following a Supreme Court decision made on October 17, the justice department in Mato Grosso ordered the delivery of subpoenas for the removal of illegal occupants of ancestral lands. One and a half month after the beginning of the removal, the process is now almost finalized [pt].
Journalist Felipe Milanez, specializing in indigenous matters, wrote [pt]:
O território xavante, chamado Marãiwatséde, está no centro de um eixo de escoamento de soja e gado, onde o governo federal quer asfalta a BR-158. O traçado ficaria fora da reserva, e da Ferrovia Centro-Oeste, que liga as cidades de Campinorte (GO) e Lucas do Rio Verde (MT).
A disputa por este território expõe a dificuldade do governo em controlar os conflitos fundiários na Amazônia. Os pequenos posseiros, tradicionais inimigos dos índios na região, deram lugares aos grandes ruralistas – que se negam a deixar o território. A pressão externa tem provocado divisões internas dos Xavantes, que colocam em risco a vida das principais lideranças.
The Xavante territory, called Marãiwatséde, is in the middle of a trade route for soy and cattle, where the federal government wants to pave the BR-158. The route would be outside the reservation and the Mid-East Pipeline that links the cities of Campinorte (GO) and Lucas do Rio Verde (MT).
The dispute over this territory exposes the difficulty the government has in controlling fundamental conflicts in the Amazon. Small landowners, traditional enemies of the indigenous people of the region, gave places to grand ruralists - who refuse to leave the territory. The external pressure has provoked internal divisions within the Xavantes that endangers the lives of their top leaders.
Aldeia Xavante. Foto de Felipe Milanez, usada com permissão.
Xavante Village. Photo by Adriano Gambarini/OPAN, used with permission.
Also, according to Milanez, the problems started in 1966, with the expulsion of the indigenous population of the region, who were transported in FAB (Brazilian Air Force) planes to another Xavante territory 400km away. They became victims of a measles epidemic that killed at least 150 indigenous people which forced the community to spread out into other indigenous territories in a sort of “internal exile in the country”. With the arrival of Ariosto da Riva, an entrepreneur from Sao Paulo who bought the Marãiwatsédé territory, the region has become known as Suiá-Missu, an estate with 1.8 million hectares. The land then passed through the hands of various businesses until the Earth Summit, in Rio de Janeiro, when the Italian company who at the time possessed the land - Agip Petrolli - decided to return the land to the indigenous people.
As it turns out, the land was returned only to be invaded by farmers and settlers that have now been expelled by the judicial decision [pt] in favor of the indigenous people. About this process, initiated December 10, Greenpeace reported [pt]:
Este é um momento crucial para a desintrusão da terra dos Xavante, processo liderado pela Funai (Fundação Nacional do Índio) e que conta com respaldo de forças policiais.
This is a crucial moment for the removal of invaders from the Xavante land, a process led by Funai (National Indian Foundation) that depends on support from police forces.
Indígenas Xavantes. Foto de Felipe Milanez, usada com.
Indigenous Xavantes. Photo by Felipe Milanez, printed with permission.
The trespassing of invading settlers does not come, however, in peaceful form [pt]. Road blocks were constructed by squatters and include threats of violence, as Journalist Andreia Fanzeres (@Andreiafanzeres) tweeted on September 2012:
Jornais de MT noticiam hj que invasores de #maraiwatsede bloquearam BR 158 e só vão sair “qdo a justiça suspender a decisão de retirá-los”
Newspapers in Mato Grosso reported today that tresspassers #maraiwatsede have blocked BR 158 and will only leave “when the judge suspends the decision to remove them”
The NGO Repórter Brasil wrote a long report [pt] which summarizes the situation until mid-December, indicating that “some groups have decided not to comply with the judicial decision and have sought to destabilize the process forcing conflict with troops.”  They also take stock of what happened during the first days of occupation, when “national forces retreated shooting rubber bullets and gas bombs:
Os manifestantes apareceram na Fazenda Jordão, onde a operação teve início, no momento em que as forças de segurança realizavam as primeiras abordagens. Segundo a listagem de propriedades do governo, a propriedade onde a confusão aconteceu pertence a Antonio Mamed Jordão, ex-vice-prefeito de Alto Boa Vista, que detém uma das maiores áreas invadidas dentro da Terra Indígena, um latifúndio com mais de 6 mil hectares. Em 2008, Jordão declarou patrimônio de R$ 4,5 milhões. Além dele, outros políticos donos de extensas porções da terra indígena são, ainda de acordo com as listas oficiais do governo, Mohmad Khalil Zaher, vereador em Rondonópolis (MT), Sebastião Ferreira Prado, Sebastião Ferreira Mendes, entre outros. Os latifundiários, representados pela Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA), reclamam da desintrusão e chegam a questionar se as terras são mesmo indígenas (leia nota divulgada nesta terça-feira, 11).
Protestors appeared on the Jordão farm, where the operation began, at the moment when security forces made their first approach. According to the government listing of properties, the property where the turmoil happened, belongs to Antonio Mamed Jordão, ex-vice-mayor of Alto Boa Vista, who owns one of the largest invaded areas within indigenous land, an estate with more than 6,000 hectares. In 2008, Jordão declared assets of 4.5 million Reais [pt]. In addition to him, other politicians who own extensive portions of indigenous land are, according to official government records, Mohmad Khalil Zaher, city councilman in Rondonópolis (MT), Sebastião Ferreira Prado, and Sebastião Ferreira Mendes, among others. The landowners, represented by the National Confederation of Agriculture and Livestock (CNA), complain of the removal and have begun to question if the land is indeed indigenous (read a statement released Thursday, December 11) [pt].
Already during the first attempt at eviction on December 10, National Forces clashed with farmers, leaving many injured.
The former bishop of São Félix do Araguaia, Catalan Dom Pere Casaldàliga (known as Pedro Casaldáliga), who is 84 years-old and suffering from Parkinson's, received death threats for the support he gave to the indigenous people and was forced to be evacuated from his home by federal police in order to guarantee his safety. News regarding threats to the bishop were largely reported by the Spanish [es] and Catalan [ca] media, encountering, in general, silence from the Brazilian media.
Journalist Altamiro Borges explained [pt]:
Segundo o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), um grupo de jagunços anunciou abertamente que Dom Casaldáliga “era o problema” da tensa região e que “faria uma visita para ele”. A própria Polícia Federal recomendou a imediata retirada do religioso da cidade devido à vulnerabilidade da humilde residência em que ele vivia há muitos anos. A PF alegou temer por sua segurança, já que a casa nem sequer possui muros e o bispo emérito com a sua saúde debilitada, em decorrência de sofrer do “mal de Parkinson”.
According to the Indigenous Missionary Council (Cimi), a group of gang members announced openly that “they would pay him a visit.” The Federal Police has recommended the immediate removal of the religious man from the city due to the vulnerability of the humble home in which he has lived for many years. The Federal Police claimed to fear for his safety, as the house did not have walls coupled with the former bishop's weakened health as a result of suffering from “Parkinson's Disease”.
The journalist continued explaining that Casaldàliga has a long history of resistance against the Brazilian dictatorship (1964-1985) and support of threatened indigenous groups and the homeless, and is faced once again disdain from those in power for his bravery and courage:
Ele sempre esteve ligado às lutas das camadas mais carentes da sociedade. Com a guinada conservadora no Vaticano a partir dos anos 1990, o bispo emérito sofreu forte pressão da cúpula da Igreja Católica. Em 2005, ele se aposentou, mas continuou residindo em São Félix do Araguaia e participando dos bons combates na região. Dedicava-se, especialmente, à defesa das comunidades indígenas, perseguidas pelos latifundiários.
He has always been linked to the struggles of the poorer classes of society. With the conservative shift in the vatican beginning in the 1990s, the former bishop suffered strong pressure from the top tier of the Catholic church. In 2005, he announced his retirement but continued to live in São Félix do Araguaia participating in the good fight in the region. He dedicated himself, in particular, to the defense of indigenous communities, persecuted by landowners.
Various organizations released a letter [pt] in solidarity with Casaldàliga.
The indigenous land of Marãiwatsédé was sanctioned in 1998 by presidential decree. Since then, various instances of jusice have been won for the indigenous cause that, however are not respected [pt]. About 800 Xavantes occupy 10% of the territory. The remaining 90% is occupied by landowners and squatters.
Cacique Xavante Damião Paridzane. Foto de Felipe Milanez, usada com permissão.
Cacique Xavante Damião Paridzane. Photo by Felipe Milanez, published with permission.
In a rebellious tone, Journalist Felipe Milanez (@Felipedjeguaka) [pt] tweeted:
Invadem terra indigena, desmatam a Amazonia, ameaçam de morte um Bispo de 84 anos, fazendas com milhares de ha, descumprem ordem judicial!
[They] invade indigneous land, cause deforestation of the Amazon, threaten to kill a 84 years old bishop, farms with thousands of hectares, [they] violate court order!
The Xavante people of Marãiwatsédé published an open letter [pt], signed by chief Damião Paridzane, which explains the situation and asks for respect (excerpts published below):
Nesse território, os ancestrais, nossos bisavós viviam em cima da terra. Esse território é origem do povo de Marãiwatsédé. Nessa terra amada foi criado o povo de Marãiwatsédé.
Agora a desintrusão já começou. Os anciões esperaram muito tempo para tirar os não-índios da terra. Sofreram muito. A vida inteira sofrendo, esperando tirar os fazendeiros grandes.
Quem ocupava a terra eram nossos pais, nossos avós, nossos bisavós, que nasceram aqui, cresceram aqui, fizeram festa para adolescente. Lutaram muito, faziam ritual dentro do território de Marãiwatsédé. Nem fazendeiro e nem posseiro viviam aqui antes de 1960.Quem destruiu, foi o índio ou foi o branco? A gente sabe mesmo, foi o branco que destruiu a floresta, essa não é a nossa vida. Nossa vida é preservar a terra, a natureza, os rios, os lagos. É assim que a gente vive, nosso povo respeita nossa mãe e nossa mãe é a natureza. Esperamos tranqüilos a nossa vitória. Dormimos tranqüilos, sonhamos bonito com a vitória da nossa terra.
Antes da retirada de nossa terra, mataram muitos xavantes. Os fazendeiros daquele tempo é muito bandido. Mataram com tiro. Morreu Tseretemé, Tserenhitomo, Tsitomowê, Pa’rada, Tseredzaró, tudo morto com tiro. Não vamos trair o espírito deles.
Essa terra é nossa origem. Os Xingus também protegiam nossa terra, os antepassados dos Kalapapos eram amigos dos antepassados dos xavantes de Marãiwatsédé.Os animais não podem sofrer mais com tanta destruição da natureza. Quando a terra for devolvida para o nosso povo, a floresta vai viver novamente, vão voltar os animais e plantas. Nossa mãe vai ficar muito forte e muito bonita, como sempre foi. É assim que tem que ser.
In this territory, the ancestors, our great grandfathers lived on the land. This territory is the homeland of the Marãiwatsédé people. On this beloved land the Marãiwatsédé people were born.
Now the invasion has begun. The elders have waited a long time to remove the non-indians from the land. They have suffered a lot. Their whole lives suffering, waiting to remove the Ranchers.
Those who occupied the land were our fathers, our grandfathers, our great grandfathers, that were born here, grew up here, came of age here. They fought a lot, did rituals within the Marãiwatsédé territory. No farmer or settler lived here before 1960. Who destroyed, the indian or the white man. We all know it was the white man that destroyed the forest, this is not our way of life. Our way of life is to preserve the earth, the environment, the rivers, and the lakes. This is the way we live, our people respect our mother and our mother is nature. We wait patiently for our victory.  We sleep peacefully, and have beautiful dreams of the victory of our land.
Before the withdrawal from our land, many Xavantes were killed. The farmers of that time were very villainous. They killed with gunfire. Tseretemé, Tserenhitomo, Tsitomowê, Pa’rada, and Tseredzaró died, all dead from gunfire. We will not betray their spirit.
This land is our origin. The Xingu people also protected our land, the ancestors of the Kalapapos were friends of the ancestors of the Xavantes de Marãiwatsédé. The animals could not suffer more from such destruction of nature. When the land is returned to our people, the forest will live again, the plants and animals will return. Our mother will become very stront and very beautiful, as it always was. This is the way it must be.
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Habitando há séculos o território de Marãiwatsédé, no norte do estado do Mato Grosso, indígenas da etnia Xavante vem enfrentando a ocupação e ameaças por parte de fazendeiros que tentam expulsá-los de suas terras. Há 14 anos homologada, encontra-se invadida em quase sua totalidade por latifundiários e posseiros. No passado dia 6 de dezembro, após acórdão do Supremo Tribunal Federal anunciado a 17 de outubro, a Justiça em Mato Grosso deu início à entrega das intimações para a retirada dos ocupantes ilegais das terras ancestrais.
O jornalista Felipe Milanez, especializado em questões indígenas, escreveu:
O território xavante, chamado Marãiwatséde, está no centro de um eixo de escoamento de soja e gado, onde o governo federal quer asfalta a BR-158. O traçado ficaria fora da reserva, e da Ferrovia Centro-Oeste, que liga as cidades de Campinorte (GO) e Lucas do Rio Verde (MT).
A disputa por este território expõe a dificuldade do governo em controlar os conflitos fundiários na Amazônia. Os pequenos posseiros, tradicionais inimigos dos índios na região, deram lugares aos grandes ruralistas – que se negam a deixar o território. A pressão externa tem provocado divisões internas dos Xavantes, que colocam em risco a vida das principais lideranças.
Aldeia Xavante. Foto de Felipe Milanez, usada com permissão.
Aldeia Xavante. Foto de Adriano Gambarini/OPAN, usada com permissão.
Ainda segundo Milanez, os problemas começaram em 1966, com a expulsão dos índios da região que, transportados em aviões da FAB (Força Aérea Brasileira) para um outro território Xavante a 400km de distância, foram vítimas de uma epidemia de sarampo que matou ao menos 150 índios, forçando o espalhamento da comunidade por outros territórios indígenas, em uma espécie de “exílio interno no país”. Com a posterior chegada de Ariosto da Riva, um empresário paulista que comprou o território de Marãiwatsédé, a região passa a ser conhecida como Suiá-Missu, um latifúndio com 1,8 milhão de hectares. A terra passou então pelas mãos de diversas empresas até a Eco-92, no Rio de Janeiro, quando a empresa italiana que então detinha posse da terra - a Agip Petrolli - decidiu devolver a terra aos índios.
Como se vê, a terra foi devolvida para ser invadida por fazendeiros e posseiros que, hoje, estão sendo expulsos por decisão judicial favorável aos indígenas. Sobre este processo, iniciado a 10 de dezembro, informa o Greenpeace:
Este é um momento crucial para a desintrusão da terra dos Xavante, processo liderado pela Funai (Fundação Nacional do Índio) e que conta com respaldo de forças policiais.
Indígenas Xavantes. Foto de Felipe Milanez, usada com permissão.
Indígenas Xavantes. Foto de Felipe Milanez, usada com permissão.
A desintrusão dos posseiros invasores não vem, porém, de forma pacífica. Bloqueios de estrada foram feitos por posseiros e há ameaça de violência, como tuitou a jornalista Andreia Fanzeres (@Andreiafanzeres):
Jornais de MT noticiam hj que invasores de #maraiwatsede bloquearam BR 158 e só vão sair “qdo a Justiça suspender a decisão de retirá-los”
A ONG REpórter Brasil escreveu um longo relatório no qual resume a situação atual, indicando que “alguns grupos decidiram não cumprir a decisão judicial e têm procurado desestabilizar o processo forçando conflitos com as tropas”, e destaca o que aconteceu nos primeiros dias da desinstrusão, em que “a Força Nacional recuou disparando balas de borracha e bombas de gás”:
Os manifestantes apareceram na Fazenda Jordão, onde a operação teve início, no momento em que as forças de segurança realizavam as primeiras abordagens. Segundo a listagem de propriedades do governo, a propriedade onde a confusão aconteceu pertence a Antonio Mamed Jordão, ex-vice-prefeito de Alto Boa Vista, que detém uma das maiores áreas invadidas dentro da Terra Indígena, um latifúndio com mais de 6 mil hectares. Em 2008, Jordão declarou patrimônio de R$ 4,5 milhões. Além dele, outros políticos donos de extensas porções da terra indígena são, ainda de acordo com as listas oficiais do governo, Mohmad Khalil Zaher, vereador em Rondonópolis (MT), Sebastião Ferreira Prado, Sebastião Ferreira Mendes, entre outros. Os latifundiários, representados pela Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA), reclamam da desintrusão e chegam a questionar se as terras são mesmo indígenas (leia nota divulgada nesta terça-feira, 11).
Já durante a primeira tentativa de desocupação em 10 de dezembro, a Força Nacional entrou em confronto com agricultores, deixando vários feridos.
O bispo emérito de São Félix do Araguaia, o catalão Dom Pere Casaldàliga (conhecido como Pedro Casaldáliga), de 84 anos e sofrendo de Parkinson, foi ameaçado de morte pelo apoio que dá aos indígenas e foi forçado a ser evacuado de sua casa pela Polícia Federal a fim de garantir sua segurança. As notícias sobre as ameaças ao bispo foram largamente noticiadas pela mídia espanhola [es] e catalã[cat], encontrando, em geral, silêncio da mídia brasileira.
O jornalista Altamiro Borges explicou:
Segundo o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), um grupo de jagunços anunciou abertamente que Dom Casaldáliga “era o problema” da tensa região e que “faria uma visita para ele”. A própria Polícia Federal recomendou a imediata retirada do religioso da cidade devido à vulnerabilidade da humilde residência em que ele vivia há muitos anos. A PF alegou temer por sua segurança, já que a casa nem sequer possui muros e o bispo emérito com a sua saúde debilitada, em decorrência de sofrer do “mal de Parkinson”.
E o jornalista continuou, explicando que Casaldàliga tem longo histórico de resistência à Ditadura brasileira (1964-1985) e de apoio a grupos indígenas ameaçados e movimentos sem terra e enfrenta mais uma vez o ódio do poderosos com sua luta e coragem:
Ele sempre esteve ligado às lutas das camadas mais carentes da sociedade. Com a guinada conservadora no Vaticano a partir dos anos 1990, o bispo emérito sofreu forte pressão da cúpula da Igreja Católica. Em 2005, ele se aposentou, mas continuou residindo em São Félix do Araguaia e participando dos bons combates na região. Dedicava-se, especialmente, à defesa das comunidades indígenas, perseguidas pelos latifundiários.
Várias organizações lançaram uma nota em solidariedade a Casaldàliga.
A Terra Indígena de Marãiwatsédé foi homologada em 1998 por decreto presidencial e, desde então, diversas instâncias da justiça tem dado ganho de causa aos indígenas que, porém, não são respeitados. Cerca de 800 xavantes ocupam [en] 10% do território. Os demais 90% encontram-se ocupados por latifundiários e posseiros.
Cacique Xavante Damião Paridzane. Foto de Felipe Milanez, usada com permissão.
Cacique Xavante Damião Paridzane. Foto de Felipe Milanez, usada com permissão.
Em tom de revolta, o jornalista Felipe Milanez (@Felipedjeguaka) tuitou:
Invadem terra indigena, desmatam a Amazonia, ameaçam de morte um Bispo de 84 anos, fazendas com milhares de ha, descumprem ordem judicial!
Os Xavantes de Marãiwatsédé publicaram uma Carta Aberta, assinada pelo cacique Damião Paridzane, na qual explicam sua situação e pedem respeito (e publicamos trechos):
Nesse território, os ancestrais, nossos bisavós viviam em cima da terra. Esse território é origem do povo de Marãiwatsédé. Nessa terra amada foi criado o povo de Marãiwatsédé.
Agora a desintrusão já começou. Os anciões esperaram muito tempo para tirar os não-índios da terra. Sofreram muito. A vida inteira sofrendo, esperando tirar os fazendeiros grandes.
Quem ocupava a terra eram nossos pais, nossos avós, nossos bisavós, que nasceram aqui, cresceram aqui, fizeram festa para adolescente. Lutaram muito, faziam ritual dentro do território de Marãiwatsédé. Nem fazendeiro e nem posseiro viviam aqui antes de 1960.Quem destruiu, foi o índio ou foi o branco? A gente sabe mesmo, foi o branco que destruiu a floresta, essa não é a nossa vida. Nossa vida é preservar a terra, a natureza, os rios, os lagos. É assim que a gente vive, nosso povo respeita nossa mãe e nossa mãe é a natureza. Esperamos tranqüilos a nossa vitória. Dormimos tranqüilos, sonhamos bonito com a vitória da nossa terra.
Antes da retirada de nossa terra, mataram muitos xavantes. Os fazendeiros daquele tempo é muito bandido. Mataram com tiro. Morreu Tseretemé, Tserenhitomo, Tsitomowê, Pa’rada, Tseredzaró, tudo morto com tiro. Não vamos trair o espírito deles.
Essa terra é nossa origem. Os Xingus também protegiam nossa terra, os antepassados dos Kalapapos eram amigos dos antepassados dos xavantes de Marãiwatsédé.Os animais não podem sofrer mais com tanta destruição da natureza. Quando a terra for devolvida para o nosso povo, a floresta vai viver novamente, vão voltar os animais e plantas. Nossa mãe vai ficar muito forte e muito bonita, como sempre foi. É assim que tem que ser.


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