Wednesday 18 January 2012

Estudante atingido pela PM durante o #contraoaumentoTHE está cego (in English e em Português)

Postado originalmente por globo.com em http://portaldaclube.globo.com/noticia.php?hash=980748eac237f4cd342c4f394c4ac9d1&id=43717&t=Estudante+atingido+durante+manifesta%E7%E3o+fica+cego Trazido a minha atenção por @flipesaraiva e @CarlosLatuff via Twitter.

Estudante atingido durante manifestação fica cego

"Eu também estava sentado na Frei Serafim. Quando a Tropa de Choque dispersou os estudantes, também corri. Foi quando vi que um grupo permaneceu sentado e estava sendo pisoteado. Pensei comigo: 'Pô, não precisa disso'. Então, voltei para ajudar".

O depoimento acima é de Hudson Christh Silva Teixeira, 21 anos, estudante de Filosofia da Universidade Federal do Piauí (UFPI) e auxiliar administrativo substituto do Centro Integrado de Saúde Lineu Araújo.

O cenário? Avenida Frei Serafim, terça-feira, dia 10 de janeiro de 2012, pouco mais de uma semana atrás, quando cerca de 500 policiais militares marcharam sobre um grupo de manifestantes que protestavam pacificamente contra o aumento do preço da passagem de ônibus e a integração parcial do transporte coletivo de Teresina.

"De repente, uma bomba explodiu nos meus pés e os estilhaços atingiram o meu rosto, principalmente o nariz e o olho direito. Quando virei para correr, recebi tiro nas costas e na perna", detalha o jovem que foi parar no Hospital de Urgência de Teresina Dr. Zenon Rocha.

Uma semana após o ocorrido, Hudson carrega no corpo as marcas do massacre ocorrido no sétimo dia do movimento #contraoaumento, que ganhou as ruas de Teresina pela segunda vez em menos de seis meses. Os braços e as pernas ainda estão machucados por conta das balas de borracha. O nariz ainda está costurado como quando ele saiu do HUT. E o olho direito continua condenado. "O laudo médico aponta que ele está cego", conta o pai, o fonoaudiólogo Ribamar Rodrigues, de 43 anos.

O laudo médico a que se refere Ribamar Rodrigues é claro e não deixa margem para interpretações: "Baixa acuidade visual (cegueira) em olho direito. Em acompanhamento devido a trauma ocular", atesta o diagnóstico assinado na segunda-feira (16) pelo especialista Wildaves Machado, que acompanha o Hudson desde a semana passada.

Família processará o Estado


O trauma e as agressões sofridas por Hudson no último dia 10 de janeiro serão resolvidos na Justiça. A família promete entrar com uma ação contra o Estado, responsabilizando-o pelos prejuízos do jovem universitário.

"Ainda no HUT, o pessoal do Fórum (Fórum Estadual em Defesa do Transporte Público) me procurou e disse que me daria o apoio jurídico se eu quisesse. Me encaminharam para a advogada (Adonyara Azevedo) e ela me acompanhou no 1º Distrito Policial, onde registrei um B.O. (Boletim de Ocorrência), e no IML (Instituto Médico Legal), onde fiz o exame de corpo e delito", revela Hudson.

O pai não se conforma com o ocorrido. "Estou indignado. Não só pelo Hudson Christh, mas por todas as pessoas que foram tratadas de forma truculenta. Elmano (Elmano Férrer, prefeito de Teresina), vereadores e Wilson Martins (governador) é que formam a verdadeira quadrilha no Piauí", desabafa.

Para Hudson, toda a ação da Polícia Militar orquestrada contra os estudantes naquela terça-feira reflete a opressão da sociedade sobre as classes menos favorecidas. "Acho que os policiais agiram com aquela truculência justamente para mostrar que os estudantes e trabalhadores não podem medir forças com as autoridades", argumenta. Questionado se teme ficar marcado, o universitário não hesita: "Eu já estou marcado", diz mostrando os ferimentos espalhados pelo corpo e pelo rosto. "Fico indignado porque não era uma causa só minha. Era de todos que estavam ali", completa.

A Polícia Militar, por sua vez, nega que tenha usado bombas. De acordo com o coronel Márcio Santos, comandante do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) e responsável por dispersar os manifestantes no sétimo dia do #contraoaumento, foram utilizados na ação apenas spray de pimenta, balas de borracha e granadas de som e luz.

Cegueira pode ser reversível


Hudson lembra dos vários momentos de aflição que sofreu desde que os estilhaços da bomba e as balas de borracha rasgaram o seu corpo. No instante em que seu rosto foi atingido, o medo foi inevitável: "Meu olho ficou muito inchado. Desde o momento que a bomba explodiu nos meus pés, meu olho fechou. Cheguei ao HUT sem enxergar absolutamente nada com o olho direito. Meu grande medo era ficar cego", conta.

No HUT, Hudson foi submetido a tratamento no setor de urgência. Primeiro, teve a pálpebra do olho direito suturada - ela havia sido rasgada com o impacto dos estilhaços da bomba jogada aos seus pés. Em seguida, ele ficou esperando a chegada de um cirurgião plástico para tratar do nariz, igualmente rasgado por conta dos estilhaços lançados contra o seu rosto. "Disseram que eu ia precisar (de um cirurgião plástico). Quando o cirurgião chegou, ele avaliou que não seria necessária uma cirurgia plástica e recomendou apenas a sutura", relata.

Nos dias seguintes, Hudson e o pai, que o acompanhava durante as manifestações do sétimo dia do movimento #contraoaumento, procuraram especialistas. "O laudo médico aponta que ele está cego. Mas o médico que o acompanha diz que essa cegueira pode ser reversível. Teremos uma nova consulta com o especialistana sexta-feira", conta Ribamar.

"Eu queria voltar à Frei Serafim"


Enquanto se recupera dos ferimentos, Hudson praticamente não sai de casa, no Residencial Lagoa Azul, zona Norte de Teresina, onde mora com os pais e as duas irmãs. Os mesmos 20 dias de licença médica que o impedem de trabalhar o "proibem" também de ir ao lugar onde ele mais queria estar no momento: a Avenida Frei Serafim, que permanece sendo o palco das principais manifestações contra o aumento do preço da passagem de ônibus e a integração parcial do sistema de transporte coletivo de Teresina.

"Não voltei à Frei Serafim desde terça-feira por questão de saúde mesmo. Não fosse isso, estaria lá com os outros estudantes durante todos esses dias", afirma.

Em casa, porém, Hudson praticamente não desfruta do tempo livre que tem à disposição. Fã de histórias em quadrinhos e de filmes de ficção científica, terror e aventura, ele tem tido problemas para cultivar outra de suas paixões: tocar baixo. "Tentei praticar na segunda-feira, mas não consegui. Acho que ainda por causa do trauma recente no olho, minha cabeça doeu muito".

O movimento #contraoaumento completou, na terça-feira (17), 12 dias de protestos desde a instituição do novo preço da passagem (saiu de R$ 1,90 para R$ 2,10) e a implantação do sistema de integração de transporte coletivo que envolve apenas 33 das 92 linhas de ônibus de Teresina. Os manifestantes prometem voltar às ruas nesta quarta-feira (18).

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"I was also sitting in Frei Serafim Avenue. When the riot police dispersed the students, I ran. It was when I saw that one group remained seated and was being trampled. I thought, This should not happen.' So I went back to help ".

At HUT, Hudson underwent treatment in the emergency room. First, the right eyelid was sutured - it had been torn by the impact of shrapnel from bomb thrown at his feet. Then he waited for the arrival of a plastic surgeon to treat the nose, also to treat the injuries caused by shrapnel hitting his face. "They said I would need (a plastic surgeon).

When the surgeon arrived, he estimated that it would not be needed plastic surgery and recommended solely to treat the injuries," he said.Hudson remembers the many moments of pain that had experienced since the shrapnel of the bomb and rubber bullets tore his body. The moment his face was affected, fear was inevitable: "My eye was swollen. From the moment the bomb exploded at my feet, my eyes closed.

I came to the HUT without seeing anything with my right eye. I feared going blind, "he says.Blindness can be reversibleThe Military Police, in turn, denies they used bombs. According to Colonel Márcio Santos, commander of the Special Police Operations Battalion (BOPE) and responsible for dispersing the demonstrators on the seventh day of #contraoaumento were used in the action only pepper spray, rubber bullets and sound grenades and light.

For Hudson, the action of the Military Police orchestrated against the students Tuesday reflects society's oppression of the lower classes. "I think that the police acted with brutality just to show that students and workers can not go up against the authorities," he argues. Asked whether he fears being typecast, the university student does not hesitate to answer: "I'm already marked," says showing injuries throughout the body and face. "I'm angry because I did not cause this. It was all that were there," he adds.

The father is not satisfied with what happened. "I'm outraged. Not only Hudson, but for all people who have been treated in this horrifying manner. Elmano (Elmano Férrer, mayor of Teresina), aldermen, and Martin Wilson (governor) that forms the real gang in Piauí", says ."Still in the HUT, the staff of the Forum (State Forum in Defense of Public Transport) approached me and said I would be given legal support if I wanted. I proceeded to the attorney (Adonyara Azevedo) and she followed me in the 1st District Police which registered a BO (police reports), and IML (Institute of Forensic Medicine), where was examined, "says Hudson.

Trauma and the attacks on Hudson last January 10 will be resolved in court. The family promises to bring a lawsuit against the state, blaming him for the loss of the young university student's eyesight.

Family to sue the State

The medical report referred to by Ribamar Rodrigues is clear and leaves no room for interpretation: "Low visual acuity (blindness) in the right eye. In follow-up due to ocular trauma," states the diagnosis signed on Monday (16) by the specialist Wildaves Machado, who had accompanied Hudson last week.

One week after the incident, Hudson carries in his body the marks of a massacre on the seventh day of the move #contraoaumento, who took to the streets of Teresina for the second time in less than six months. His arms and legs are still sore because of the rubber bullets. His nose is still stitched as it was when he left the HUT. And the right eye is still not working. "The medical report indicates that he is blind," says the father, audiologist Ribamar Rodrigues, 43.

"Suddenly, a bomb exploded at my feet and shrapnel hit my face, especially my nose and right eye. When I turned to run, I got shot in the back and leg," explains the young man who ended up in the Hospital Emergency Room treated by Dr. Zenon Rocha Teresina.

The above statement is Christh Hudson Silva Teixeira, 21, a student of Philosophy at the Federal University of Piauí (UFPI) and administrative assistant substitute Linnaeus Center for Integrated Health Araujo.The scenario? Frei Serafim Avenue, Tuesday, January 10, 2012, just over a week ago, when about 500 police officers marched a group of demonstrators protesting peacefully against the rising price of bus fare and partial integration of transportation of Teresina.

At home, however, Hudson is hardly enjoying the free time he has available. Fan of comics and science fiction movies, horror and adventure, he has struggled to practice another of his passions: playing bass. "I tried to practice on Monday, but could not. I think yet because of recent trauma to the eye, my head hurt a lot."

"I have not gone back to Frei Serafim on Tuesday for these health reasons. Were it not so, would be there with other students during those days," he says.

While recovering from injuries, Hudson hardly left the house in Residential Blue Lagoon, the northern zone of Teresina, where he lives with his parents and two sisters. The same 20 sick days that kept himfrom work to also kept him from going to the place where he most wanted to be in the moment: Avenida Frei Serafim, which remains the main stage demonstrations against the rising price of ticket partial integration of bus and mass transit system in Teresina.

"I wanted to return to Frei Seraphim"

In the following days, Hudson and his father, who accompanied him during the demonstrations of the seventh day of the move #contraoaumento sought out experts. "The medical report indicates that he is blind. But the doctor says that this blindness can be reversed. We will have consultation with the specialist on Friday," says Ribamar.

Motion # contraoaumento completed on Tuesday (17), 12 days of protests since the imposition of the new fare (out of $ 1.90 to $ 2.10) and the deployment of the integration of public transport involving only 33 of 92 bus routes in Teresina. Protesters promise to return to the streets on Wednesday (18).

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