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Crédito : Reprodução
Por Zoraide Vilasboas – Dois acidentes, graves, em menos de um mês, expõem,
mais uma vez, as vulnerabilidades do Programa Nuclear Brasileiro. Mas as
autoridades responsáveis não saem do “sapato alto”. Vale tudo pra tentar
reforçar a cortina do silêncio, com a qual tentam blindar os crimes
ambientais praticados a 757 km de Salvador, pela unidade de
exploração de urânio da Indústrias Nucleares do Brasil –INB, em Caetité, onde
começa o ciclo de produção da cara e perigosa energia atômica, que ameaça a
sobrevivência da humanidade, como vem alertando as várias catástrofe nucleares
ocorridas no mundo (Chernobyl, Fukushima, etc.), deixando em seu rastro a letal
contaminação radioativa.
Sexta-feira passada (2/11/2012), os operadores da INB enfrentaram, de forma
precária, como é habitual, novo desafio. Estancar um vazamento de ácido
sulfúrico que estava sendo drenado de um tanque, que estoca 100 mil litros do
produto, para uma das bacias que armazenam licor de urânio. A tubulação do
ácido furou e, com as chuvas, a contenção não resistiu. O ácido foi parar no
reservatório de água pluvial, que é pequeno e, quando chove, costuma
transbordar para o meio ambiente. Desde o acidente, a produção está paralisada.
Vazamentos de ácido sulfúrico são corriqueiros na planta da INB.
VAZAMENTO DE URÂNIO 1 - Há muito tempo
trabalhadores e as comunidades do entorno da mina denunciam o risco a que estão
submetidos. A tubulação é velha, enferrujada e calcula-se que haja furos em
vários pontos subterrâneos (instalação obsoleta) já que existem pontos críticos
na empresa referente a este produto. Há um poço de monitoramento, por exemplo,
o PMA-18, que apresentou um vazamento de ácido sulfúrico, jamais controlado,
apesar do poço ter sido até concretado. Também comunidades do entorno da
empresa já detectaram pelo menos uma “nascente” que expele um liquido de cor e
aparência estranhas. Nesta mesma área, em outubro de 2009, houve um vazamento,
que a empresa tentou minimizar, alegando que tinha sido de solvente, como se
produtos químicos fossem inofensivos. A verdade restabelecida deu informou que
30 mil litros de licor de urânio vazaram para as células da área 160, e,
depois, vazou para o meio ambiente um volume proporcional de solvente carregado
de urânio.
Na unidade de extração e beneficiamento de urânio, os recorrentes
“incidentes” já entraram na rotina e a ocorrência deles não mais surpreendem
trabalhadores, nem as populações afetadas pela mineração de urânio, que
enfrentam no seu dia a dia o medo e a desesperança com a omissão do Estado ante
os problemas levados pela INB à região. Pó de concentrado de urânio, poeira
radioativa, radônio voam pelo ar, licor de urânio e ácido sulfúrico e outros
produtos químicos penetram no solo e na água, contaminando o meio ambiente. Mas
o que mais revolta e preocupa, são o silencio obsequioso do Poder Público e a
impunidade que protegem as ilegalidades do setor nuclear no Brasil.
VAZAMENTO DE URÂNIO 2 - Em 18 de outubro
deste ano, vazaram para o meio ambiente centenas de quilos de concentrado de
urânio, evidenciando, mais uma vez, a insegurança técnico-operacional, que
caracteriza o Programa Nuclear Brasileiro em Caetité e ameaça a saúde de
trabalhadores e das populações da região. Há controvérsia sobre o
quantitativo vazado. Logo depois, a Associação Movimento Paulo Jackson - Ética,
Justiça, Cidadania enviou oficio pedindo informações e providencias as
autoridades responsáveis pela fiscalização da INB, como a presidência do IBAMA,
Comissão Nacional de Energia Nuclear , Secretaria de Meio Ambiente do Estado da
Bahia (SEMA) e Ministérios Públicos Estadual e Federal.
Até hoje não se conhece nem uma resposta, nem uma posição das autoridades
competentes sobre aquele acidente. Nem uma equipe especial de inspeção se
deslocou do IBAMA, CNEN, ou SEMA para averiguar a ocorrência. Mesmo tendo sido
lembrado que aquela era a segunda ocorrência, grave, ocorrida em cerca de um
ano, na área de entamboramento de urânio, cujas atividades foram interditadas,
em julho de 2011, pela auditora do Ministério do Trabalho, Fernanda Giannasi,
pelo assessor do Ministério Público do Rio de Janeiro, Robson Spinelli Gomes e
por auditores da SRTE/BA, durante inspeção dos Ministérios Públicos do Trabalho
(Federal) e Estadual. Naquela oportunidade, os operários enfrentaram um dos
maiores riscos de contaminação coletiva ocorrida no meio ambiente do trabalho,
devido ao episódio que ficou conhecido nacionalmente, quando uma revolta
popular tentou impedir a entrada em Caetité de 90 toneladas de material
radioativo, em maio do ano passado.
O urânio, que estava em tambores lacrados há 30 anos, veio do Centro de
Pesquisa da Marinha (Iperó/SP) para a Bahia, onde os trabalhadores foram
obrigados a manipular o produto, de forma improvisada, sem a segurança
necessária para quem trabalha com material radioativo e alguns deles passaram
mal. A preocupação é crescente, pois, mais uma vez, foram expostos a tão alto
risco de contaminação na manipulação de produto altamente radioativo, sem que
os órgãos fiscalizadores tomem as medidas cabíveis. Além da interdição, em
2011, os auditores do MTE lavraram cinco Autos de Infração voltados para a
proteção da saúde dos trabalhadores e notificação para a aposentadoria especial
aos 20 anos de trabalho, negada pela INB.
É necessário lembrar que por causa das ilegalidades que envolveram o
transporte e a reembalagem da carga radioativa vinda de São Paulo, também o
IBAMA embargou a área, onde são feitas atividades de precipitação, filtração,
secagem e embalagem do pó de urânio, que vai para o exterior para ser
enriquecido e volta para o Brasil, onde é transformado no combustível das
usinas atômicas de Angra dos Reis (RJ). E aplicou duas multas à INB, nos
valores de R$600 mil, em junho, e R$2 milhões, em agosto. Mais muito ágil,
quando se trata de obedecer às ordens “superiores”, a Superintendência do IBAMA
no Estado da Bahia logo no início de agosto já tinha tornado sem efeito, o
embargo da área de entamboramento e a multa aplicados por seus técnicos,
alegando que medidas desta natureza, dependem de aprovação prévia do presidente
do IBAMA.
Na mesma inspeção de julho de 2011, uma equipe técnica da Fundação Nacional
de Saúde –FUNASA constatou que o Governo da Bahia e os prefeitos de Caetité e
Lagoa Real não estão cumprindo as determinações da liminar concedida pelo juiz
de Direito de Caetité a uma Ação Civil Pública, movida pelo Ministério Público
Estadual, em 2009, contra a INB, o Estado da Bahia e os referidos municípios. A
FUNASA comprovou tudo que os movimentos sociais e populares vêm denunciando e
pedindo providencias, há anos, sem que as autoridades competentes atendam os
seus reclamos. Ao que se sabe, o relatório da FUNASA não produziu efeito.
E qual o desdobramento disto? Nenhum. Impunidade total. A sociedade da
região continua deixando no ar a resposta, que as autoridades teimam em não
levar em conta. Quem vai responder pelos prejuízos causados pela exploração de
urânio na Bahia e quais providências foram adotadas para garantir a integridade
da saúde das populações da região e dos trabalhadores, em especial aqueles que
se envolveram mais diretamente no episódio.
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Credit: Reproduction
By Zoraide Vilasboas - Two serious
accidents in less than a month, expose, once again, the vulnerabilities of the
Brazilian Nuclear Program. Authorities, however, do not take off their
"high heels". To them it is worth everything to try to strengthen the
curtain of silence with which they try to shield the environmental crimes committed
757 km from Salvador, where the unit of uranium exploration, Nuclear
Industries of Brazil-INB in Caetité, begins its cycle of production of
expensive and dangerous nuclear power which threatens the survival of humanity,
as has been the warning from various nuclear disasters occurred in the
world (Chernobyl, Fukushima, etc.), leaving in its wake a lethal radioactive
contamination.
Last Friday (02/11/2012), operators of INB faced, as usual, a new challenge. They were required to block a leak of sulfuric acid
which was being drained from a tank that stores 100,000 liters of the product,
from a basin that stores liquid uranium. The acid tubing was punctured and with
the rains, containment was not possible. The acid was stopped in the reservoir
of rainwater, which is small and when it rains, often overflows into the
environment. Since the accident, the production is paralyzed. Leaks are commonplace
in the sulfuric acid plant of INB.
LEAK OF URANIUM 1 - For a long time now workers and
the communities surrounding the mine have denounced the risks they face. The
pipe is old, rusty and it is estimated that there are holes in several places
underground (installation is obsolete). There is a monitoring well, for example,
the PMA-18, which showed a leakage of sulfuric acid which was never controlled,
albeit the shaft has been concreted up. Also communities around the company
already detected at least a source that expels a liquid color and strange
appearance. In this same area, in October 2009, there was a leak which the
company tried to minimize claiming it had been a solvent, as if the chemicals
were harmless. Eventually it was revealed that 30 liters of liquor uranium
leaked into the cells of area 160 which then leaked into the environment a
sizeable volume of solvent loaded with uranium.
In the unit of extraction and
processing of uranium, the recurring "incidents" have entered the
routine and their occurrence no longer surprise the workers or populations
affected by uranium mining. They face in their day to day with fear and
hopelessness before the omission of the State over the problems brought to the
region by the INB. Uranium concentrate powder, radioactive dust and radon fly
through the air. Liquid uranium and sulfuric acid and other chemicals flow into
the soil and water, contaminating the environment. But what most worries and
revolt, is the obsequious silence and impunity of the government to protect the
illegalities of the nuclear sector in Brazil.
LEAK OF URANIUM 2 - On October 18 this year, hundreds
of pounds of uranium concentrate leaked into the environment, demonstrating,
once again, the technical and operational uncertainty that characterizes the
Brazilian Nuclear Program in Caetité which threatens the health of workers and
peoples of the region. There was controversy about the amount leaked. Paulo
Jackson, of the Association Movement - Ethics, Justice, Citizenship, sent a
letter requesting information and asking what measures would be taken to
authorities responsible for monitoring the INB (president of IBAMA, the
National Commission of Nuclear Energy, Department of Environment of the State
of Bahia (SEMA ) and State and Federal Prosecutors).
To this day no one received an answer or a position
from the competent authorities in regards to that accident. Not even a special
inspection team moved from IBAMA, CNEN, or SEMA to investigate the occurrence.
Even after having been reminded that this was the second severe
occurrence in a bit more than one year from the previous one, specifically in
the area of uranium drumming (packaging), (whose activities were banned in July
2011 as per the audit of the Ministry of Labour, Fernanda Giannasi, the aide
Public Ministry of Rio de Janeiro, Robson Spinelli Gomes and auditors SRTE/BA
during inspection by the prosecutors of Federal and State Labour Ministers). At
that time, workers faced the highest risk of collective contamination of the
work environment due to the incident that became known nationally when a
popular uprising tried to prevent the entry of 90 tons of radioactive material
into Caetité (in May last year).
The uranium, which was sealed in drums for 30 years,
came from the Navy Research Center (Iperó/SP) and was sent to Bahia, where
workers were required to handle the product without the necessary precautions
for those working with radioactive material and some of them became ill. The
concern is growing because, once again, workers have been exposed to a high
contamination risk from handling highly radioactive product and without the
regulatory agencies taking appropriate action. Besides the ban in 2011, the
auditors of the MTE drew up five assessment notices aimed at protecting the health
of workers as well as notifications for special retirement at 20 years of work,
which were denied by the INB.
Remember that because of illegalities involving the
transportation and repackaging of radioactive cargo from São Paulo, IBAMA
embargoed the area where precipitation, filtration, drying and packaging of
uranium dust activities are conducted and then sent abroad to be enriched and returned
to Brazil where it is transformed into fuel for the nuclear power plants of
Angra dos Reis (RJ). IBAMA also applied two fines to the INB, amounting to
R$600 thousand in June, and R$2 million in August. However, these fines and
embargoes were quickly overturned (early August) by the Superintendency of
IBAMA of Bahia State, arguing that measures of this nature depend upon
prior approval of the President of IBAMA.
At the same inspection in July 2011, a technical
team from the National Health Foundation-FUNASA found that the Government of
Bahia and the mayors of Caetité and Lagoa Real are not fulfilling the provisions
of the injunction mandated by a judge in Caetité, filed by State Prosecutor in
2009 against INB, the State of Bahia and those municipalities. FUNASA proved
that all social and popular movements have been denouncing and demanding
providences be taken, asking for years without the authorities meeting their
claims. To our knowledge, the report made by FUNASA had no effect.
And what is the result of this? Nothing but
impunity. The society of this region remains in the balance, waiting for a
response while authorities insist on not taking them into account. Who will
answer for the damage caused by uranium exploration in Bahia and what steps
were taken to ensure the integrity of the health of the public and workers in
the region, especially those most directly involved in the episode.
Obrigad Pelo Alerta. É algo que já vinha me preocupando.... @Angra, por favor investiguem.
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