Thursday, 7 June 2012

Seis anos depois dos Crimes de Maio, mãe de vítima critica execuções da PM (#Brasil) / Six years after the Crimes of May, mother of victim criticizes executions by the PM (#Brazil)


Originally posted by Carta Maior at 
Trazido a minha atencao por @Personal Escrito via Twitter
Brought to my attention by @PersonalEscrito via Twitter
Os suplentes de tradução de inglês com o texto original Português.
The English translation alternates with the original Portuguese text.




Já se completaram seis anos do conflito entre a polícia e o Primeiro Comando da Capital (PCC) que matou mais de 600 pessoas. Débora da Silva Maria é mãe de Edson Rogério, assassinado por policiais no dia 15 de maio de 2006. Ela se tornou, depois disso, militante dos direitos humanos. Em entrevista à Carta Maior, Débora conta como é sua batalha ao lado do movimento que ajudou a criar chamado Mães de Maio e sua luta pelo fim das mortes pelo Estado.


São Paulo - A polícia militar brasileira está na mira da ONU. Na semana passada, seu Conselho de Direitos Humanos aprovou várias recomendações como parte do relatório elaborado pelo Grupo de Trabalho sobre o Exame Periódico Universal (EPU) do Brasil. Uma delas é pela extinção da polícia militar. A posição da entidade foi publicada dois dias depois de mais um caso alarmante em São Paulo. Na última segunda-feira (28), policiais militares mataram seis pessoas, segundo eles, suspeitos de tentar resgatar um presidiário membro do Primeiro Comando da Capital. Testemunhas afirmam que houveram execuções e tortura, colocando mais uma vez para toda a sociedade, a urgência do debate entorno da segurança pública. Infelizmente, casos como esse não são esporádicos. A segurança no estado de São Paulo é marcada pela impunidade desses policiais (como apontou matéria recente da Carta Maior).
Sao Paulo - The Brazilian military police are in the sights of the UN. Last week, its Human Rights Council approved several recommendations as part of the report by the Working Group on the Universal Periodic Review (UPR) of Brazil. One is the elimination of the military police. The position of this body was published two days after another alarming case in Sao Paulo. In last Monday (28), military police killed six people, according to them, suspected of trying to rescue an inmate member of the First Capital Command. Witnesses said there were executions and torture, putting once more to the whole society, the urgency of the debate around public safety. Unfortunately, such cases are not infrequent. The security in the state of São Paulo is marked by impunity of police officers (as noted by recent field Carta Maior).

Os “Crimes de Maio” é um caso emblemático. Já se completaram seis anos do conflito entre a polícia e o Primeiro Comando da Capital (PCC) que matou mais de 600 pessoas. Débora da Silva Maria é mãe de Edson Rogério, assassinado por policiais no dia 15 de maio de 2006. Ela se tornou, depois disso, militante dos direitos humanos. Luta também por memória, verdade e justiça, já que, segundo ela, “vivemos numa ditadura continuada”. Na entrevista abaixo, Débora conta como é sua batalha ao lado do movimento que ajudou a criar chamado Mães de Maio e sua luta pelo fim das mortes praticadas pelo Estado.
The "Crimes of May" is an emblematic case. Have you completed six years of conflict between police and First Capital Command (PCC) which killed over 600 people. Deborah Smith Mary is the mother of Roger Edson, killed by police on May 15, 2006. After that she became a human rights activist. Fighting also for memory, truth and justice, because, she said, "we live in a continued dictatorship." In this interview, Deborah tells how his battle is next to the movement he helped create called the Mothers of May and his struggle to end the killings by the state.

Carta Maior - Quantas pessoas foram mortas nos Crimes de Maio?
Carta Maior - How many people were killed in May Crimes?
Na época a Secretaria de Segurança Pública deu uma estatística de 493 mortos. Mas as pesquisas da ONG Conectas deu 532 mortos e a de Harvard ["São Paulo sob achaque", publicado em maio de 2011, pela ONG Justiça Global e pela Clínica Internacional de Direitos Humanos da Universidade de Harvard] deu mais de 600 pessoas. Isso porque há pessoas desaparecidas, o que é de praxe. Descobrimos também que chacinas com mais de uma vítima são registradas como se tivesse uma vítima só. É a maquiagem do Estado em cima das estatísticas. 
At the time the Department of Public Safety gave a statistic of 493 dead. But research by the NGO Conectas stated that 532 had been killed and Harvard ["achaque in Sao Paulo," published in May 2011 by the NGO Global Justice and International Human Rights Clinic at Harvard University] figures indicated that more than 600 people had been killed. This is because there are people missing, which is customary. We also found that mass killings of more than one victim are recorded as if it had only one victim. It is the makeup of the state over the statistics.


CM - Você conhece casos de familiares que não tiveram acesso aos corpos?

CM - You know of cases of families who have not had access to the bodies?
Sim. Tem a família do Francisco Gomes, pai do Paulo Alexandre, cujo corpo não apareceu até hoje. A gente sabe que são muito mais. É uma prática comum a ação de ocultação de cadáver. O governo do estado liberou naquela época o enterro dos corpos em vala comum. Eles dão uma relação de 19 corpos, mas sabemos que é muito mais. O movimento das mães vem travando uma luta, inclusive pedindo à ministra dos Direitos Humanos Maria do Rosário, fazer com que o governo estadual mostre onde foram enterrados estes corpos. Nós achamos que eles estão espalhados por vários cemitérios. Até o momento, nem a Secretaria de Direitos Humanos deu uma resposta definitiva, e as famílias vivem neste desespero.
Yes, the family of Francis Gomes, Paulo Alexandre's father, whose body did not show up today. We know they are many more. It is common practice to conceal a corpse. The state government released at the time the burial of bodies in a mass grave. They give a list of 19 bodies, but we know it is many more. The movement of mothers has been waging a struggle, even asking the Minister for Human Rights Mary of the Rosary, make the state government shows where these bodies were buried. We think they are scattered in various burial grounds. So far, neither the Department of Human Rights gave a definitive answer, and the families living in despair.
CM - Qual a versão que as mães tem sobre os motivos do conflito entre a polícia e o PCC?  CM - What is the version that mothers have about the reasons for the conflict between the police and the CCP?
Os Crimes de Maio foram a revolta do PCC contra polícia por conta da corrupção. Policiais civis estavam sequestrando familiares de presos e os torturando. E depois do sequestro do enteado do Marcos Camacho, o Marcola, houve uma vingança, segundo o que a mídia divulgou. No relatório “São Paulo sob achaque” vimos que havia corrupção por trás dos Crimes de Maio. Aí se iniciaram as rebeliões como um aviso. Mas nós temos conhecimento que nem todos os crimes cometidos contra agentes do Estado foram praticados pelo crime organizado, e sim pelos próprios companheiros de farda. 
The Crimes in May were the revolt against the PCC against police corruption. Police officers were relatives of kidnapping and torturing prisoners. And after the kidnapping of the stepson Marcos Camacho, the Marcola, there was a vengeance, according to what the media reported. In the report "in Sao Paulo achaque" we saw that there was corruption behind the Crimes in May. Then a rebellion began as a warning. But we are aware that not all crimes committed against state agents were committed by organized crime, but by their own fellow soldiers.
CM - Alguém foi punido pelos Crimes de Maio? / CM - Someone has been punished for the crimes in May?
Não. Ninguém foi punido. A maioria dos inquéritos foi arquivada. Os que não foram arquivados foram os dos agentes do Estado que indiciaram civis. Temos em aberto só um caso de uma chacina que houve no Jd. Brasil na zona norte de São Paulo. Essa mãe fez as próprias investigações com apoio do Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) e soubemos que em julho vai ter o julgamento pra ver se os cinco policiais serão indiciados pela morte de três rapazes. Essa mãe, apesar de sofrer com o medo, é um exemplo de resistência, e foi a fundo, pois o resto foi arquivado.
No. No one was punished. Most inquiries/reports were filed. Those who were not filed were the agents of the State indicted civilians. We open just a case of a massacre that occurred in Jd. Brazil in the north of Sao Paulo. This mother did its own research with support from the Homicide and Protection of Persons (DHPP) and learned that in July judgement will be passed to see whether the five officers are indicted for the death of three boys. This mother, despite suffering with fear, is an example of resistance, and was the background, because the rest was filed.

CM - Quem arquiva essas investigações? / CM - Who files these investigations?
É o próprio Ministério Público (MP) que pede arquivamento. O fórum do MP da capital parabenizou a eficiência da polícia por sua atuação na época. Deram mais de 60 carimbos de promotores parabenizando a ação. A gente já sabia que os promotores apoiavam o “estabelecimento da ordem”, e, na nossa visão de mãe, eles parabenizaram a matança. Não teria como promotores de outras regiões baterem de frente com o fórum da capital. Não houve vontade do judiciário pra pedir as investigações corretas.
It is the Prosecutor's Office (MP) that is requesting filing. The forum MP congratulated the capital efficiency of the police for his role at the time. They gave more than 60 stamps congratulating the promoters share. We already knew that prosecutors supported the "establishment of order," and, in our view of the mother, they congratulated the killing. It would not have as promoters of other regions hit head-on with the forum in the capital. There was no will of the legal right to ask for investigations.

CM - É o caso do seu filho? / CM - It is the case with your son?

No caso do meu filho eu fui atrás pra exigir investigação. Eu queria saber quais viaturas estavam trabalhando na noite daquele dia, nome dos policiais, percurso que eles fizeram, que tipo de armamento eles usavam, quantos cartuchos foram usados. A investigação no MP ficou dentro dessa linha, como eu pedi. Mas a gente viu também que o policial que conduz o boletim de ocorrência mente. E, quando a mãe chega na delegacia dizendo que quem matou o filho dela foram os policiais, eles mudam a própria versão do boletim de ocorrência deles. Ou seja, há várias contradições nessa história que nós não engolimos. Parece que tinha uma ordem para nada ser investigado nem julgado, e a verdade não ser exposta. Eu tenho certeza que se os Crimes de Maio tivessem acarretados em punição não veríamos esta quantidade de jovens mortos nesses seis anos. Deu certo o modus operandi que eles usaram na época e eles usam até hoje.
In the case of my son I went back to ask for an investigation. I was wondering what cars they were working on the night of that day, names of officers, what course they did, what kind of weapons they used, how many cartridges were used. Research in the MP was within that line of questioning, as I asked. But we also saw that the officer leading the police report minded. And when the mother arrives at the station saying that whoever killed her son was part of the police, they change their own version of the police report them. That is, there are several contradictions in this story that we do not swallow. It seems that this was not going to be investigated and judged, and the truth was not going to be exposed. I'm sure if the Crimes of May had been punished would, we would not have this many young people killed in those six years. It worked as the modus operandi they used at the time and they continue to use it today.


CM - Como as Mães de Maio começaram a se organizar e se organizam até hoje? / CM - How the Mothers of May began to organize themselves and have been organizing so far?

As mães são muito guerreiras. Eu fiquei na cama de hospital porque eu não aceitava a morte de meu filho, e não aceito até hoje. É muito difícil ver um filho trabalhador, honesto - mas eu sempre digo, mesmo que não fosse - pra defender um miserável salario mínimo e a noite ser executado. Não entra na minha cabeça. Caí na depressão no começo. E eu vejo meu filho até o dia de hoje, não é miragem. Eu vi ele me tirar da cama e ele me pegou com tanta força que eu fiquei com a marca dos dedos dele no braço. 
Mothers are very warlike. I was sick in the hospital because I did not accept the death of my son, and cannot accept it today. It is very difficult to see a child worker, honestly - but I always say, even if not - to defend a miserable minimum wage and the night run. (**not sure how to translate this sentence**) I just can't get this into my head. I fell into depression in the beginning. And I see my son until the present day, it is not a mirage. I saw him take me out of bed and he held me so hard that I got the mark of his fingers on the arm.

Ele falou que me queria ver lutando. Quando ele fez isso eu não deitei mais, só pra dormir mesmo. Fiquei ajudando os outros pacientes e a médica me deu alta. No outro dia fui à caça das outras mães, pois vi a semelhança da causa da morte em vários os casos. Fui atrás da Nalva mãe de um balconista que estava no décimo dia de ferias quando foi assassinado. Falei pra ela: vamos pra luta. Fomos atrás da Vera. Aí ela falou que conhecia alguém próximo da mãe da Ana Paula, a gravida que foi assassinada também. 
He said he wanted to see me struggling. When he did this I could not lay still anymore. I do not do so anymore, even just to sleep. I was helping other patients and the doctor gave me high. The other day I was looking for the other mothers, because I saw the similarity of the cause of death in several cases. I followed the Nalva mother of a clerk who was on the tenth day of his vacation when he was assassinated. I told her, let's go fight. We were behind Vera. Then she said she knew someone close to the mother of Ana Paula, who was murdered and pregnant too.

CM - Receberam algum tipo de apoio? / CM - received some support?

Batemos em várias portas. Fomos atrás pra provar a boa conduta dos meninos. Um promotor do MP nos disse: a justiça da terra não funciona, só a divina. Todos diziam para tomarmos cuidado com a policia. Mas não aceitamos. Aí fomos eu, Vera e Nalva a São Paulo. Eu nunca tinha ido. Fui pra Ouvidoria da PM, contamos tudo que sabíamos, aí encaminharam a gente pro Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (Condepe). Chegou lá encontramos a Rose Nogueira e o Luiz Dantas, que virou ouvidor da polícia depois. Ela nos deu o livro “Crimes de maio”. E só aí tivemos a noção o que foi o massacre que teve em maio. Só depois de quase um ano percebemos a dimensão do que tinha acontecido, e que não eram só nossos filhos.
We knocked on several doors. We went back to prove the good behavior of the boys. A prosecutor in the MP said the justice of the earth does not work, just divine justice does. All were told to beware of the police. But we do not accept this. Then Vera Nalva and I went to Sao Paulo. I had never been there. We went to the Ombudsman PM, which we all know, here we pro-State Council of Defense of Human Rights (Condepe). When we got there we found Rose Dantas and Luiz Nogueira, who later became police ombudsman. She gave us the book "Crimes of May." And only then did we understand the notion that the massacre had been in May. Only after almost a year did we realized the magnitude of what had happened, and that it was not just our children.


Fomos depois pro Conselho Regional de Medicina que fez um levantamento das mortes. Cobramos as autoridades e ninguém nos falou nada. Foi uma decepção. Aí falamos: agora precisamos mostrar a garra e ir à luta. Soubemos que o caso da Ana Paula foi arquivado já em 2006. Ela estava grávida de 9 meses e foi morta junto com o marido. Vimos que os casos foram todos iguais, e que tinha sido a polícia mesmo.
We then approached the pro Regional Council of Medicine, who conducted a survey of the deaths. We charge the authorities and no one told us anything. It was a disappointment. Then we said, we now need to show guts fight. We learned that the case of Ana Paula was filed in 2006. She was nine months pregnant and was killed along with her husband. We have seen that the cases were all equal, and that the police had reacted in the same manner in each instance.

Eu descobri depois que eles estavam preparando a matança dos nossos meninos pelo telefonema que recebi antes do meu filho morrer. Um policial da família disse que era pra eu avisar as pessoas de bem, no dia 15 de maio de manhã, que quem tivesse na rua era inimigo da polícia. Eu nunca imaginaria que a noite matariam meu filho. Eu soube da morte dele pelo rádio, aí liguei pra esse policial, e ele me perguntou na cara de pau quem foi que matou. A gente sabe que funciona assim, quando morre gente, eles vão lá ver. Ele sabia que meu filho tinha morrido e não me avisou.
I learned that they were preparing the killing of our boys because of the call I received before my child died. A police officer's family said that I was supposed to warn people well in the May 15 morning, that whoever was in the street was the enemy of the police. I never imagined that that night they would kill my son. I knew of his death on the radio, then phoned the police, and he asked the guy who did the killing. We know what works well when people die, they go there to see. He knew my son had died and did not tell me.

CM - As mortes foram totalmente aleatórias? / CM - The deaths were totally random?

Tudo aleatório. No dia em que ele morreu o rádio disse que tinham 16 corpos no Instituto Médico Legal jogados no chão. Era ano de eleição e o governo tinha que dar uma resposta pro país, mostrando que tinha controle da situação. Ele respondeu à altura, matando nossos filhos.
All random. On the day he died the radio said that 16 bodies were on the floor of the Legal Medical Institute. It was election year and the government had to respond pro-country, showing that it had control of the situation. He replied in kind, killing our children.

CM - Qual é o critério que a polícia adota para realizar essas execuções? / CM - What is the criterion that takes the police to carry out these executions?

É higienização da pobreza. Eles sabem que não dá nada pra eles porque o pobre não tem acesso à justiça. As testemunhas são sempre ameaçadas. Temos uma política de segurança de extermínio. Temos que extirpar essa polícia assassina de São Paulo. O governo do estado de SP não investe no ser humano, só em armamento e viatura. Só pra oprimir, porque segurança que é bom, nada. Nós pagamos a bala que mata nossos filhos, pagamos a arma que mata nossos filhos, os algozes que matam nossos filhos e os mandantes dos crimes dos nossos filhos.
Hygiene is poverty. They know that does not give anything for them because the poor have no access to justice. Witnesses are always threatened. We have a security policy of extermination. We have to uproot this murderous police in Sao Paulo. The state government does not invest SP in humans, only weapons and vehicle. Just to oppress, because security is good, nothing. We pay the bullet that kills our children, pay the weapon that kills our children, the executioners who kill our children and those who ordered the crimes of our children.

CM - Como agem outros órgãos diante desta situação? / CM - How to act on other organs of this situation?

O governo federal está omisso, vendo tantos brasileiros sendo massacrados e exterminados, e não se mete dizendo que o estado tem autonomia. Está tendo um grito do mundo lá fora sobre as execuções sumárias cometidas por agentes do Estado. A ONU gritou já e está gritando desde 2007, condenando essa polícia assassina. E ninguém toma providência. O governo federal diz que o estadual tem autonomia, mas o estadual não pode ter autonomia de declarar a pena de morte da população pobre, negra da periferia. A ditadura não acabou. Só mudou o inimigo do Estado, que não é mais o inimigo político, mas o pobre e o negro. O capitalismo mata na bala, na falta de educação, de saúde e de moradia. A nossa Constituição não vale de nada pro pobre. Este só tem deveres. Direito é só pros ricos.
The federal government is silent, seeing so many Brazilians were massacred and exterminated, and does not go saying that the state has autonomy. There is an outcry from the outside world about the summary executions committed by state agents. The UN has called since 2007 and is screaming, condemning the police murders. And nobody takes action. The federal government says the state has autonomy, but the state can not have autonomy to declare the death penalty to the poor, the black periphery. The dictatorship did not end. The only change was the enemy of the state, which is no longer the political enemy, but the poor and black. Capitalism kills the bullet, the lack of education, health and housing. Our Constitution is not worth anything for the poor. The law is only for the rich.

CM - Semana passada mais 6 pessoas foram mortas pela polícia militar. Como vê o fato de isso estar se repetindo? / CM - Last week six more people were killed by military police. You see the fact that to be repeating itself?

Vimos esse caso com repúdio. Mesmo se fosse um resgate de criminosos, a obrigação do Estado era prendê-los. Mas eles fizeram a falsa “resistência seguida de morte”. Ultimamente eles estão perdendo um pouco a linha de acobertamento dos crimes. Só ganham no judiciário. As pessoas estão tendo mais coragem de denunciar. O governo deu uma declaração, como sempre faz, de que está tudo sob controle. Em maio de 2006 também falaram isso. Sob controle foi mandar 150 policias da Rota amedrontar a população.
We recognized this case with rejection. Even if it were a ransom for the criminals, the state's obligation was to arrest them. But they conducted a false "resistance followed by death." Lately they omitting a little line of cover-up crimes. Just make the judiciary deal with this. People are having more courage to denounce. The government issued a statement, as always, that everything is under control. In May 2006 it also spoke in this manner. Under control was to send 150 police to frighten the population.

CM - Acha que há possibilidade de acontecer uma onda semelhante a maio de 2006? / CM - Do you think that the possibility of a wave similar to happen in May 2006?

Mataram um policial no Guarujá e a mídia diz que pode ter ligação com as execuções recentes em São Paulo. O governo fala que não existe essa possibilidade, mas nós temos cautela, pois existe sim. 
They killed a policeman in Guaruja and the media says it may have some connection with the recent executions in Sao Paulo. The government says that there is no such possibility, but we caution because there is.

CM - Como você vê o PCC? / CM - You see the CCP?

Vejo vários jovens sem estrutura nenhuma, vivendo em cadeias desumanas. O PCC foi criado pelo Estado à base de corrupção. E agora a criatura está engolindo o criador. Não vejo eles como organização, e sim como uns desorganizados. Senão estariam fora dos presídios. O verdadeiro crime organizado é o Estado.
I see many young people without any structure, living in inhumane chains. The PCC was created by the State based on corruption. I do not see them as an organization, but as disorganized. Otherwise they would be out of prison. The real crime is the state.

CM - O que acha do registro dos homicídios por policiais como “resistência seguida de morte”? / CM - What do you think the record of killings by police as "resistance followed by death"?

A gente entrou numa campanha pelo fim do registro dessas mortes como “resistência seguida de morte”. É uma prática abusiva pra matar e evitar investigações. Nos Crimes de Maio são 84 com tiros na mão e tiros na nuca, que são sinais de defesa. Isso está no Plano Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3) e nós clamamos que saia do papel. Que seja registrada como homicídio para que tenha investigação.
We went on a campaign to end the registration of these deaths as "resistance followed by death." It is an abuse to kill and avoid investigations.The Crimes in May consisted of 84 shot in the hand and shot in the neck, which are signs of defense. This is the National Plan for Human Rights (PNDH-3) and we urge to not support this paper. What is recorded as a homicide investigation that has been researched. (*not sure about the accuracy of the translation of this particulary paragraph*)

CM - Você disse que os crimes de hoje ocorrem porque os crimes de maio seguem sem punição. Acha que os crimes de maio ocorreram também pela impunidade dos crimes cometidos pela ditadura militar? / CM - You said that crimes occur because of today's crimes unpunished in May following. Do you think that the crimes occurred in May also the impunity of crimes committed by the military dictatorship?

Quem matou na ditadura está nas instituições policiais. Tem torturador que trabalha nas repartições até hoje. Existe uma semelhança muito forte. Temos uma ditadura continuada. Violenta. Contamos cerca de 484 pessoas mortas em 21 anos de ditadura. Nos Crimes de Maio, em uma semana, foram mais de 600 mortes, abafadas pela copa do mundo. Usam as mesmas práticas: desaparecimento forçado, extermínio em massa, encarceramento, tortura nas prisões. Temos que acabar com a militarização, resultado da ditadura. Nós pedimos pro Lula abrir os arquivos da ditadura militar pois precisamos conhecer nossa história, que não é muito diferente do que vivemos agora.
Who killed the dictatorship is in police institutions. The torturer is working in its offices today. There is a very strong resemblance. We have a continued dictatorship. It is violent. We have had about 484 people killed in 21 years of dictatorship. Crimes in May, one week, resulted in more than 600 deaths, drowned by the World Cup. They use the same practices now: forced disappearances, mass extermination, imprisonment, torture in prisons. We must end the militarization, the result of dictatorship. We ask pro-Lula to open the archives of the military dictatorship because we must know our history, which is not very different from what we now live.


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