Originally posted by Global Voices at http://globalvoicesonline.org/2013/01/28/brazil-massacre-of-pinheirinho-one-year-later/ and at http://pt.globalvoicesonline.org/2013/01/28/brasil-massacre-do-pinheirinho-um-ano-depois/
By Raphael Tsavkko Garcia (@Tsavkko)
Postado originalmente por Global Voices em http://globalvoicesonline.org/2013/01/28/brazil-massacre-of-pinheirinho-one-year-later/ e em http://pt.globalvoicesonline.org/2013/01/28/brasil-massacre-do-pinheirinho-um-ano-depois/
Por Raphael Tsavkko Garcia (@Tsavkko)
(A versão em Português deste artigo pode ser encontrado logo abaixo da versão em Inglês.)
By Raphael Tsavkko Garcia (@Tsavkko)
Postado originalmente por Global Voices em http://globalvoicesonline.org/2013/01/28/brazil-massacre-of-pinheirinho-one-year-later/ e em http://pt.globalvoicesonline.org/2013/01/28/brasil-massacre-do-pinheirinho-um-ano-depois/
Por Raphael Tsavkko Garcia (@Tsavkko)
(A versão em Português deste artigo pode ser encontrado logo abaixo da versão em Inglês.)
January 22, 2013 marked one year since the violent eviction of the Pinheirinho settlement in the city of São José dos Campos, Brazil. As Global Voices reported back then:
On January 22, the Military Police of São Paulo (PMSP) and the Metropolitan Civil Guard (GCM) of the city of São José dos Campos, in the state of São Paulo, invaded the settlement known as Pinheirinho to comply with an order of repossession issued by the state court. The violent eviction of the community became known as “Massacre do Pinheirinho” (Massacre of Pinherinho) after a demonstration of violence and brutality by the police in the expulsion and intimidation of residents dumped in the midst of a huge legal mess.
A demonstration to commemorate the date took place at the entrance to the grounds of Pinheirinho - now empty - in São José dos Campos. Historian Rogério Beier, participating in the filming of a documentary about the case, commented [pt] on the current situation of the more than 1,500 families that were evicted, “causing much pain and suffering to more than 8,000 people living on the land”:
Passado um ano desde a desocupação, essas pessoas seguem sem uma solução definitiva com relação a moradia adequada e, pior, continuam sofrendo diversos tipos de violências como preconceito e discriminação, desintegração da família, péssimas condições de moradia e dificuldades para encontrar emprego, dentre outras.[…]O ato foi muito importante para marcar um ano desde a reintegração de posse do Pinheirinho. O terreno, desde então, continua vazio e as pessoas que ali moravam, seguem desabrigadas. A data não podia passar em branco e a organização do evento está de parabéns por relembrar ao Brasil que a luta do Pinheirinho ainda continua. Também entendemos que é bastante importante saber que os políticos que participaram do ato, se posicionam claramente ao lado dos ex-moradores do Pinheirinho na luta por uma solução definitiva para a moradia dessas mais de 8 mil pessoas. Apesar disso, esperávamos que o ato fosse marcado pela participação dos ex-moradores como personagens principais das atividades que ali se desenrolariam, o que infelizmente não aconteceu. Foi impossível não sair com uma sensação de desapontamento ao constatar que, tal como alguns moradores haviam nos adiantado, o ato do Pinheirinho no Poliesportivo acabou dando muito mais um espaço aos políticos do que aos ex-moradores.
One year on since the eviction, these people still haven't been able to find a final solution with respect to adequate housing and, worse, continue to suffer various types of violence such as prejudice and discrimination, family breakdown, poor housing conditions and difficulties in finding employment, among others.[…]The demonstration was very important to mark one year since the repossession of Pinheirinho. The land has since remained empty and the people who lived there still remain homeless. The date could not be allowed to pass by unacknowledged and event's organizers are to be congratulated for reminding us that the struggle of Pinheirinho still continues. We also understand that it is very important to know that politicians who participated in the demonstration, clearly aligning themselves in support of the former residents of Pinheirinho in the fight for a permanent solution for the housing of over 8,000 people. Nevertheless, we expected that the demonstration would see the participation of former residents as central figures of the activities that would unfold there, which unfortunately did not happen. It was impossible not to come away with a feeling of disappointment to find that, as some residents had warned us in advance, the Pinheirinho demonstration at the sports center ended up giving much more space to politicians than to the former residents.
The COADE - Coletivo de Advogados para a Democracia (Lawyers for Democracy Collective) in its blog described [pt] what has changed in a year:
Um ano se passou e lamentavelmente a violência ainda permanece. Os moradores ainda não tem um teto para morar, ainda estão lutando por justiça e a justiça parece estar mais lenta do que de costume.Por outro lado, estes cidadãos resistiram e resistem até hoje e não estão sozinhos. Temos o dever de exigir do poder público a devida reparação dos danos morais e patrimoniais causados àquela população.Moradia é uma necessidade básica de sobrevivência. Trata-se de dignidade humana. É por isso que este Coletivo apoia incondicionalmente a luta das famílias do Pinheirinho.
A year has passed and unfortunately violence still remains. Residents still do not have a roof under which to live, they are still fighting for justice and justice seems to be slower than usual.On the other hand, these citizens fought back and continue to fight back today and they are not alone. We must demand the government award due compensation for damages and injuries caused to that population.Housing is a basic need for survival. It is about human dignity. That's why this Collective fully supports the struggle of the families of Pinheirinho.
Blogger Conceição Oliveira (Maria Frô) commented [pt] on police violence against the population, especially against the elderly Ivo Teles, who later died of the injuries:
O senhor Ivo Teles dos Santos que aparece no vídeo abaixo com seu corpo frágil de mais de setenta anos e que foi brutalmente espancado pelos PMs durante a invasão da tropa de choque no Pinheirinho e que após internação veio a falecer é o símbolo da covardia e a violência do Estado contra seus cidadãos.Militares da tropa de choque que espancaram idosos, jogaram bombas de gás em mulheres e crianças e são acusados de violência sexual foram parte do espetáculo grotesco do dia 22 de janeiro de 2012.
Mr. Ivo Teles dos Santos, who appears in the video below, with his frail body more than 70 years old and who was brutally beaten by officers during the invasion of riot police in Pinheirinho and who died after hospitalization, his case is the symbol of the state's cowardice and violence against its citizens.Military riot police who beat the elderly, threw gas bombs at women and children and are accused of sexual assault were part of the grotesque spectacle on January 22, 2012.
She also posted a YouTube video by user Wilian Cesar showing the Ivo Teles arguing with police and showing the marks of violence he suffered:
The final message of struggle, comes from [pt] the blog of the Rede Extremo Sul (Extreme South Network) that represents the impoverished population and victims of violence from the southernmost parts of São Paulo:
Enquanto esse sofrimento, tão disseminado, não cimentar nossa união, e enquanto ele não for canalizado para o combate desse sistema que nos massacra, a cada ano teremos mais massacres para lembrar e lamentar. Que os lutadores e as lutadoras não demoremos a decidir e a dizer numa só voz: este foi o último! A dor desses massacrados é a nossa dor!
As long as this suffering, which is so widespread, does not unify us, and as long as it is not channeled in order to fight against this system that is killing us, every year we will have more massacres to remember and mourn. Let us hope that those that fight do not tarry to decide and say with one voice: this was the last one! The pain of those massacred is our pain!
The land where Pinheirinho used to be remains empty. The Lebanese-born speculator Naji Nahas [pt], who owns the land, has not used it for anything. The recently elected mayor of São José dos Campos, Carlinhos Almeida, of the Workers Party - same party to which President Dilma Rousseff belongs - has failed to present a plan for the land or for those evicted by the previous government of the opposition Party of the Brazilian Social Democracy. At the same time, the federal government has also failed to find a solution for 6,000 to 9,000 people who lost everything.
YouTube user Fabiano Amorim posted a documentary which includes interviews with victims of the Pinheirinho eviction:
A documentary titled “Pinheirinho: One year later” is being recorded after a fundraising effort via Catarse, a crowdfunding website.
--------
O dia 22 de janeiro de 2013 marcou o primeiro ano da violenta desocupação da ocupação Pinheirinho na cidade de São José dos Campos, Brasil. Como o Global Voices relatou na época:
On January 22, the Military Police of São Paulo (PMSP) and the Metropolitan Civil Guard (GCM) of the city of São José dos Campos, in the state of São Paulo, invaded the settlement known as Pinheirinho to comply with an order of repossession issued by the state court. The violent eviction of the community became known as “Massacre do Pinheirinho” (Massacre of Pinherinho) after a demonstration of violence and brutality by the police in the expulsion and intimidation of residents dumped in the midst of a huge legal mess.
No dia 22 de janeiro, a Polícia Militar de São Paulo (PMSP) e a Guarda Civil Metropolitana (GCM) da cidade de São José dos Campos, no estado de São Paulo, invadiram a ocupação conhecida como Pinheirinho para cumprir uma ordem de reintegração de posse expedida pela justiça estadual. A violenta desocupação da comunidade ficou conhecida como “Massacre do Pinheirinho” após demonstração de violência e brutalidade por parte das forças policiais na expulsão e intimidação dos moradores despejados em meio a uma imensa confusão judicial.
Uma manifestação para celebrar a data teve lugar na entrada do terreno do Pinheirinho - agora vazio - em São José dos Campos. O historiador Rogério Beier, que participa da filmagem de um documentário sobre o caso, comentou sobre a situação das mais de 1500 famílias expulsas de suas casas, “causando muita dor e sofrimento a mais de oito mil pessoas que viviam no terreno”:
Passado um ano desde a desocupação, essas pessoas seguem sem uma solução definitiva com relação a moradia adequada e, pior, continuam sofrendo diversos tipos de violências como preconceito e discriminação, desintegração da família, péssimas condições de moradia e dificuldades para encontrar emprego, dentre outras.[…]O ato foi muito importante para marcar um ano desde a reintegração de posse do Pinheirinho. O terreno, desde então, continua vazio e as pessoas que ali moravam, seguem desabrigadas. A data não podia passar em branco e a organização do evento está de parabéns por relembrar ao Brasil que a luta do Pinheirinho ainda continua. Também entendemos que é bastante importante saber que os políticos que participaram do ato, se posicionam claramente ao lado dos ex-moradores do Pinheirinho na luta por uma solução definitiva para a moradia dessas mais de 8 mil pessoas. Apesar disso, esperávamos que o ato fosse marcado pela participação dos ex-moradores como personagens principais das atividades que ali se desenrolariam, o que infelizmente não aconteceu. Foi impossível não sair com uma sensação de desapontamento ao constatar que, tal como alguns moradores haviam nos adiantado, o ato do Pinheirinho no Poliesportivo acabou dando muito mais um espaço aos políticos do que aos ex-moradores.
O COADE - Coletivo de Advogados para a Democracia descreveu em seu blog o que mudou em um ano:
Um ano se passou e lamentavelmente a violência ainda permanece. Os moradores ainda não tem um teto para morar, ainda estão lutando por justiça e a justiça parece estar mais lenta do que de costume.Por outro lado, estes cidadãos resistiram e resistem até hoje e não estão sozinhos. Temos o dever de exigir do poder público a devida reparação dos danos morais e patrimoniais causados àquela população.Moradia é uma necessidade básica de sobrevivência. Trata-se de dignidade humana. É por isso que este Coletivo apoia incondicionalmente a luta das famílias do Pinheirinho.
A blogueira Conceição Oliveira (Maria Frô) comentou sobre a violência policial contra a população, especialmente contra o idoso Ivo Teles, que morreu em decorrência dos ferimentos sofridos durante a desocupação:
O senhor Ivo Teles dos Santos que aparece no vídeo abaixo com seu corpo frágil de mais de setenta anos e que foi brutalmente espancado pelos PMs durante a invasão da tropa de choque no Pinheirinho e que após internação veio a falecer é o símbolo da covardia e a violência do Estado contra seus cidadãos.Militares da tropa de choque que espancaram idosos, jogaram bombas de gás em mulheres e crianças e são acusados de violência sexual foram parte do espetáculo grotesco do dia 22 de janeiro de 2012.
Ela também postou um vídeo do YouTube do usuário Wilian Cesar mostrando Ivo Teles discutindo com policiais e mostrando as marcas da violência sofrida:
A mensagme final de luta vem do blog da Rede Extremo Sul, que representa a população empobrecida e vítima de violência do extremo sul da cidade de São Paulo:
Enquanto esse sofrimento, tão disseminado, não cimentar nossa união, e enquanto ele não for canalizado para o combate desse sistema que nos massacra, a cada ano teremos mais massacres para lembrar e lamentar. Que os lutadores e as lutadoras não demoremos a decidir e a dizer numa só voz: este foi o último! A dor desses massacrados é a nossa dor!
A terra onde se localizava a ocupação Pinheirinho continua vazia. O especulador de origem libanesa Naji Nahas, que se declara dono da terra, não a usou para nada até o momento.O prefeito recém-eleito da cidade de São José dos Campos, Carlinhos Almeida, do Partido dos TRabalhadores (PT) - mesmo partido da presidente Dilma Rousseff - falhou até o momento em apresentar um plano para a terra e para aqueles que de lá foram expulsos pelo governo anterior, do oposicionista PSDB. Ao mesmo tempo, o governo federal também falhou em encontrar uma solução para as 6-9 mil famílias que perderam tudo.
O usuário do Youtube Fabiano Amorim postou um documentário onde inclui entrevistas com as vítimas da desocupação violenta do Pinheirinho:
E um documentário chamado “Pinheirinho: One year later” está sendo gravado com recursos conseguidos via Catarse, aum site de crowdfunding.
No comments:
Post a Comment