Saturday, 18 August 2012

Fazendeiros anunciam 'guerra' contra #índios em Mato Grosso do Sul para próxima semana (#Brasil) / Farmers Announce 'war' against #Indigenous in Mato Grosso do Sul in the next week (#Brazil)

Postado originalmente por Midiamax News em http://www.midiamax.com.br/noticias/811100-fazendeiros+anunciam+guerra+contra+indios+mato+grosso+sul+para+proxima+semana.html

Trazido a minha atenção por @PersonalEscrito via Twitter
Brought to my attention by @PersonalEscrito via Twitter

(The English translation follows immediately below the original Portuguese text)

Dois grupos de brasileiros se preparam para o confronto armado em Mato Grosso do Sul a partir da próxima semana e cogitam o derramamento de sangue. Ambos culpam o Governo Federal pelo conflito, que tem posse de terras no extremo sul do Estado como principal motivo.

De um lado, índios guarani-kaiowá, com mulheres e crianças, anunciam novas ocupações em fazendas que ficam nas áreas declaradas como terra indígena pela União. Eles garantem que não têm armas de fogo, mas prometem resistir no local.

Do outro, pequenos e médios produtores rurais reclamam dos prejuízos e dizem que estão indignados com a perda do patrimônio. Poucos aceitam falar, mas admitem articulações que já consideram a contratação de homens para uma ‘guerra’.

No último dia 10, os índios iniciaram em Paranhos, a 477 quilômetros de Campo Grande, um protesto contra a demora na demarcação de terras indígenas com o movimento que chamam de ‘retomada’. Eles ocuparam áreas da tekohá (espaço onde se vive, em guarani) Arroyo Corá e houve confronto.

Durante um Aty Guasu, espécie de conselho político de povos indígenas, os guarani-kaiowá decidiram ocupar todas as áreas em Mato Grosso do Sul que estão com a homologação suspensa por uma liminar no STF (Supremo Tribunal Federal).

"Estamos declarando guerra à enrolação. Vai ter mais retomada em Mato Grosso do Sul porque faz anos que aguardamos quietos e nada acontece", diz o líder indígena Eliseu Gonçalves, membro do Aty Guasu.
Em Paranhos, homens armados reagiram e dispararam com armas de fogo contra os indígenas. Segundo eles, um homem identificado como Eduardo Pires, de aproximadamente 50 anos de idade, estaria desaparecido desde então.

A morte de um bebê de nove meses de idade também é considerada pelos guarani-kaiowá como resultado do ataque ao grupo durante a ocupação.

'Grande desgraça'

A fazendeira Vergilina Pereira Lopes, de 83 anos de idade, é proprietária da fazenda Campina, que foi ‘retomada’. Ela nega que tenha havido qualquer tipo de reação com arma de fogo. “Pelo menos da parte dos meus peões tenho certeza que ninguém atirou”, afirma.
A produtora rural registrou queixa na Delegacia de Paranhos e foi para casa de uma filha, aguardar o desfecho da situação.

Sobre o risco de violência, a idosa é ponderada: “Eu sou uma velha e não vou mexer com isso. Mas tem muita gente revoltada demais com essa injustiça. Para isso tudo virar uma grande desgraça tá muito fácil”, analisa.

Em entrevista gravada no último dia 16, a fazendeira diz que a postura das autoridades aumenta a indignação dos produtores.

“Eu sempre trabalhei muito e paguei todos os impostos. Nunca imaginei que um dia seria tirada de lá assim desse jeito, feito cachorro tocado. E revolta porque as autoridades ficam do lado dos índios como se a gente fosse bandido”, reclama.

Outros produtores da região aceitaram falar com a reportagem e relatam que há uma articulação entre fazendeiros ‘se preparando para o pior’. Mas a maioria prefere não se identificar porque ‘a Federal tá encima’.

Eles se referem ao inquérito da Polícia Federal sobre o ataque a índios na área de Guayviry, que recentemente colocou 18 pessoas, entre fazendeiros e até o presidente do Sindicato Rural de Aral Moreira, um município próximo, atrás das grades.

No episódio, o líder indígena Nísio Gomes foi ferido e levado por pistoleiros. O corpo ainda não foi localizado, mas já houve indiciamentos.

'Culpa dos políticos'

“A situação aqui é de desespero e raiva. Estão brincando com a paciência da gente. Nós sempre fomos gente de bem, pagamos os impostos e nunca mexemos com esses bugres, mas estão deixando todo mundo sem alternativa. Vai correr pra onde, se a Polícia, o Governo, tá tudo do lado da bugrada”, questiona o proprietário de uma área nas proximidades de Arroyo Corá.

“Veja se pode essa situação. Inverteram tudo de um jeito, que eu, um trabalhador, que vivo no lombo do cavalo ai lidando com gado, gerando emprego, comida, pagando imposto, não posso nem mostrar a cara pra falar. Estão tratando a gente como bandido, mas eu paguei por essas terras”, desabafa.

Tal qual os índios, os fazendeiros culpam o poder público pela situação: “Se tiver morte, a culpa é desses políticos que enrolam todo mundo no Brasil. Declararam essas terras como área indígena para agradar as ongs, os índios e os brancos que vivem às custas dos índios. Depois, adiaram a decisão lá no STF, sei lá onde, só para agradar os ruralistas, a bancada rural. Os bugres escutam que é deles, vão querer entrar mesmo. A gente tem escritura e pagou pela terra, não vamos querer sair mesmo. Isso aí só pode acabar de um jeito ruim”, diz um produtor que há mais de 30 anos possui área em Paranhos.

‘Lenço Preto’

Entre tantos fazendeiros acuados, que preferem não se envolver publicamente no conflito, um produtor fez questão de receber a reportagem e relatou, em entrevista gravada na última quinta-feira (16), como os ruralistas estão se organizando.

Conhecido como ‘Lenço Preto’, há 35 anos Luis Carlos da Silva Vieira é proprietário de uma área a poucos quilômetros da Fazenda Campina e diz que está convocando os fazendeiros da região para a ‘guerra’. Ele tem gado na área já ‘retomada’.

“Se o Governo quer guerra, vai ter guerra. Se eles podem invadir, então nós também podemos invadir. Não podemos ter medo de índio não. Nós vamos partir pra guerra, e vai ser na semana que vem. Esses índios aí, alguns perigam sobrar. O que não sobrar, nós vamos dar para os porcos comerem”, dispara.

O fazendeiro conta que já houve conversas com outros produtores da região e confirma que o conflito armado já é considerado uma opção. Ele diz que a intenção é aguardarem até a próxima semana, para então agir caso não haja novidades favoráveis.

“A maioria dos fazendeiros está comigo. Arma aqui é só querer. Eu armo esses fazendeiros da fronteira rapidinho, porque o Paraguai fica logo ali, e na guerra não tem bandido”, avisa.

Segundo Lenço Preto, a revolta dos fazendeiros aumentou com a forma como a retomada está acontecendo. “Se viessem numa boa, avisassem a gente, ou se o Governo resolvesse logo, e dissesse que temos de sair mesmo, acho até que a gente podia tirar o gado e aceitar. Mas assim, estão brincando demais com a gente”, diz.


Em Paranhos, produtores rurais contam que já existem fazendeiros maiores desistindo de lutar pela posse da área. Mas afirmam que o sentimento de revolta pode fomentar atos de vingança.
“Tem um fazendeiro conhecido aí da região que falou pra todo mundo aqui: posso até sair, e entregar para os bugres, mas assim que a poeira baixar, eu lavo essa terra de sangue”, relata um dos produtores que falaram com a reportagem.
Vieira confirma que a contratação de pistoleiros paraguaios é uma opção para os produtores rurais reagirem. “Eu acredito que vai ser por aí. A guerra vai começar aí. Eu, como a propriedade lá não é minha... Se é minha, já tinha índio estendido à vontade aqui”, diz apontando para o campo às margens da rodovia.

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Two groups of Brazilians prepare for armed confrontation in Mato Grosso do Sul from next week and are considering bloodshed. Both blame the Federal Government by the conflict, which has ownership of land in the far south of the state as the main reason.

On the one hand are the Kaiowa-Guarani Indians, women and children, today announced new jobs on farms that are in the areas declared as indigenous by the Union. They have no firearms, but they promise to stand in place.

On the other hand there are small and medium farmers who complain of the damage and say they are outraged at the loss of access to the land. Few are willing to discuss the issue, but admit that they are now considering hiring men for a 'war'.

In the last 10 days, the Indigenous peoples in Paranhos, 477 km from Campo Grande, began a protest against the delay in the demarcation of indigenous lands with the movement they call 'recovery'. They occupied  the areas of tekohá (space where we live, in Guarani) Arroyo Korah and there was confrontation.

During a Guasu Aty, a sort of political council of indigenous peoples, the Guarani-Kaiowa decided to occupy all areas in Mato Grosso do Sul that are currently under injunction in the STF - Supremo Tribunal Federal (Supreme Court).

"We are declaring war on bullshit. More will return to Mato Grosso do Sul because we have waited quietly for years and nothing has happened," said indigenous leader Elisha Gill, a member of Guasu Aty.

In Paranhos, gunmen shot and reacted with firearms against the indigenous peoples. They said a man identified as Eduardo Pires, approximately 50 years old, has been missing since then.

The death of a nine month old baby fis also considered by the Guarani-Kaiowa as a result of the attack to the group during the occupation.

'Big disgrace'

The farmer Vergilina Pereira Lopes, 83 years old, owns the farm Campina, which was part of the 'recovery'. She denies that there was any armed reaction. "At least part of my farm labourers are sure that no was one shot," she says.

The rural producer filed a complaint in Precinct Paranhos and went home to her daughter's house and now awaits the outcome of the situation.

About the risk of violence, she considers the elderly: "I am an old woman and I will not get involved. But there are too many people angry with this injustice. To turn it all a big disgrace is very easy, "she analyzes.

In an interview recorded in the last 16 days, the farmer says that the attitude of the authorities increased the indignation of the producers.

"I always worked hard and paid all taxes. I never imagined I would one day be taken from there so that way, played like a dog. And revolt because the authorities are on the side of the indigenous peoples as if we are crooks, "she complains.

Other producers in the region accepted the report and think that there is a link between the report and the farmers 'preparing for the worst.' But most prefer to remain anonymous because "the Federal government is in charge.

They refer to the federal police inquiry into the attack on Indians in the area of ​​Guayviry, which recently put 18 people, including farmers and even the president of the Union Rural Aral Moreira, a municipality close behind bars.

In the episode, the indigenous leader Nísio Gomes was injured and taken by gunmen. His body has not yet been located, but there have been indictments.

'Blame the politicians'

"The situation here is despair and anger. They are playing with the patience of the people. We were always good people, pay taxes and never we have stirred up these savages, but they are leaving everyone with no alternative. Will run to where, if the police, the government, everything is on the side of bugrada "asked the owner of an area near Arroyo Korah

"See if you can this situation. Reversed it in a way that I, a worker, who live on horseback there dealing with cattle, generating employment, food, paying taxes, can not even show his face to talk. They're treating us like thieves, but I paid for these lands, "he complained.

Like the Indians, farmers blame the government for the situation: "If death is the fault of politicians who wrap everyone in Brazil. Declared these lands as indigenous area to please the NGOs, the Indians and whites who live at the expense of the Indians. Then there have postponed the decision at the Supreme Court, I do not know where, just to please the ruralists the bench countryside. The savages who listen to them, will want to get it. We have completed and paid for the land, we do not want to leave it. That there can only end in a bad way, "says a producer who for over 30 years has Paranhos area.

'Bandanna'

Among the many beleaguered farmers, who prefer not to engage publicly in the conflict, a producer was keen to receive the report and reported in an interview taped last Thursday (16), as ruralistas are organizing.

Known as 'Bandanna', 35 years ago Luis Carlos da Silva Vieira owns an area a few miles of Finance and Campina says it is calling on farmers in the region for the 'war'. He has cattle in the area designated as a 'recovery' area.

"If the government wants war, we are going to war. If they can invade, then we can also invade. We can not have no fear of the indigenous peoples. We're going to leave for war, and it will be next week. These indigenous peoples there, if they remain will be in danger. Those who have not left, we'll give to the pigs eat to eat".

The farmer says that there have been talks with other producers in the region and confirms that armed conflict is considered as an option. He says the intention is to wait until next week, and then act if there is positive news.

"Most farmers are with me. They want to get armed. I want to arm these farmers of the border quickly, because Paraguay is right there, and war has no villains, "he warns.

According Bandanna, the revolt of the farmers has increased in tandem with how the recovery is being implemented. "If they came in good, people warned us, or if the Government decided soon, and said that we must leave it, I even think we could get the cattle and accept. But so too are playing with us, "he says. (this last paragraph is not entirely accurate. any help would be appreciated)

(Pls click on the button on the bottom right labeled CC for English subtitles)

In Paranhos, larger farmers who are already giving up the fight for possession of the area. But they say the feeling of revolt can encourage acts of revenge.


"There's a farmer known around the region who spoke for everyone here: I can even leave and return to the savages, but once the dust settles, I wash this land of blood," says one producer who spoke to the report.

Vieira confirms that the hiring of Paraguayan gunmen is an option for farmers to react. "I believe it will be there. The war will start there. I, like my property there is not ... If it's mine, had already extended to the Indian home here, "he says pointing to the field borders the road. (this last sentence is not entirely accurate. any help would be appreciated)

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