Wednesday 27 March 2013

Governo federal monta nova operação de guerra contra o povo Munduruku / Federal Government initiates new war operation against the Munduruku people

Postado originalmente por Brasil de Fato em http://www.brasildefato.com.br/node/12463
Originally posted by Brasil de Fato at http://www.brasildefato.com.br/node/12463

Trazido a minha atencao por @PersonalEscrito via Twitter
Brought to my attention by @PersonalEscrito via Twitter
De acordo com o Cimi, "em plena Semana Santa, Cristo segue seu calvário e é crucificado junto com os Munduruku"; na foto, Adenilson Kirixi assassinado pela PF em novembro. / According to CIMI, "during Easter Week, Christ follows his ordeal and is crucified along with Munduruku"; pictured, Adenilson Kirixi murdered by PF in November
27/03/2013
do Cimi / by Cimi
Depois de sofrer ataque da Polícia Federal em novembro de 2012, durante a Operação Eldorado, que resultou no assassinato do indígena Adenilson Kirixi e na destruição da aldeia Teles Pires, o povo Munduruku, que vive na divisa do Pará com o Mato Grosso, está prestes a sofrer mais um violento ataque policial e militar. De acordo com informações de observadores locais, cerca de 250 homens fortemente armados estão posicionados em Itaituba (PA) para a realização da agora denominada Operação Tapajós.
After suffering attack by the Federal Police in November 2012, during Operation Eldorado, which resulted in the assassination of Indian Adenilson Kirixi and destruction of the village Teles Pires, the Munduruku, the people who live on the border of Pará and Mato Grosso, are about to suffer another violent attack by police and military. According to information of local observers, about 250 heavily armed men are positioned in Itaituba (PA) to perform an operation called Tapajós.
Após receber sinal verde da presidenta Dilma Rousseff, um contingente com agentes da PF, Força Nacional, Polícia Rodoviária Federal e Força Aérea foi deslocado para as proximidades da Terra Indígena Munduruku com o objetivo de realizar - à força - o estudo integrado de impactos ambientais para a construção do chamado Complexo Hidrelétrico do Tapajós.
After receiving the green light from President Dilma Rousseff, a contingent of agents with PF, National Force, Federal Highway Police and Air Force was moved to within the vicinity of the Munduruku Indigenous Lands aiming to accomplish - by force - the integrated study of environmental impacts for the construction of the hydroelectric complex called the Tapajos.
Há alguns anos o povo Munduruku vem se posicionando firmemente contra qualquer empreendimento envolvendo o referido Complexo Hidrelétrico em suas terras já demarcadas ou tradicionalmente ocupadas. Os procuradores da República que denunciaram à Justiça Federal de Santarém a flagrante ilegalidade da Operação Tapajós são os mesmos que investigam os danos da Operação Eldorado; dizem temer por uma repetição do deplorável episódio. Afirmam os procuradores que o clima é de tensão.    
A few years ago the Munduruku people had positioning themselves firmly against any endeavor involving the aforementioned hydroelectric complex on their land which they had traditionally occupied and that had already been demarcated. The prosecutors reported to the Federal Court of Santarém the blatant illegality of Operation Tapajós.  They are investigating the damage of Operation Eldorado; they stated that they fear a repeat of the unfortunate episode. Prosecutors claim that the climate is tense.
Entre os dias 18 e 23 de fevereiro, 20 lideranças Munduruku estiveram em Brasília para cobrar reparações dos danos causados pela Operação Eldorado e, apesar da insistência do governo, se negaram a discutir a construção de usinas hidrelétricas. Na ocasião, o ministro Gilberto Carvalho afirmou que a negativa dos indígenas era ruim para o governo, mas ficaria ruim também para eles, Munduruku. No dia 12 de março, a presidenta Dilma Rousseff baixou o decreto nº 7.957 – que cria o Gabinete Permanente de Gestão Integrada para a Proteção do Meio Ambiente, regulamenta a atuação das Forças Armadas na proteção ambiental e altera o Decreto nº 5.289, de 29 de novembro de 2004.
Between 18 and 23 February, 20 Munduruku leaders were in Brasilia to claim reparations for damage caused by Operation Eldorado and, despite the government's insistence, refused to discuss the construction of of the hydroelectric plants. On that occasion, Minister Gilberto Carvalho said that the refusal to discuss by the indigenous peoples  was bad for the government, but would be bad for the Munduruku too. On March 12, President Dilma Rousseff agreed to Decree No. 7957 - establishing the Permanent Bureau of Integrated Management for Environmental Protection, which regulates the activities of the Armed Forces in environmental protection, thereby amending Decree No. 5289 of 29 November 2004.
Com esse decreto, “de caráter preventivo ou repressivo”, foi criada a Companhia de Operações Ambientais da Força Nacional de Segurança Pública, tendo como uma de suas atribuições “prestar auxílio à realização de levantamentos e laudos técnicos sobre impactos ambientais negativos”. Na prática isso significa a criação de instrumento estatal para reprimir toda e qualquer ação de comunidades tradicionais, povos indígenas e outros segmentos populacionais que se posicionem contra empreendimentos que impactem seus territórios.
With this decree, which was "preventive or repressive", the Environmental Operations of National Public Security Force was established, having as one of its duties "to assist in ongoing surveys and technical reports about negative environmental impacts." In practice this means creating an instrument of the state to suppress any and all traditional communities, indigenous peoples and other population segments that are positioned against developments that impact their territories.
Com essas medidas, o governo federal demonstra claramente que não está disposto a ouvir as populações afetadas pelos grandes projetos, a exemplo das obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Substitui os instrumentos legais de escuta às comunidades - como a consulta prévia assegurada pela Convenção 169 da OIT - pela força repressora do Estado e transforma os conflitos socioambientais em casos de intervenção militar. Dessa forma, os direitos dos povos passam a ser tratados como crimes contra a ”ordem pública”, caminhando para um Estado de Exceção.
With these measures, the federal government clearly shows that is not willing to listen to the people affected by major projects, like the works of the Growth Acceleration Program (Programa de Aceleração do Crescimento - PAC). Replaces the legal instruments of listening to communities - such as prior consultation provided by ILO Convention 169 - the repressive force of the state and transform socio-environmental conflicts in cases of military intervention. Thus, the rights of people now treated as crimes against "public order", heading for a State of Exception.
Essas ações do governo brasileiro confirmam a tese apresentada pelo sociólogo Boaventura de Sousa Santos quando afirma que atualmente vivemos em sociedades politicamente democráticas, mas socialmente fascistas, onde toda dissidência é criminalizada.
The actions of the Brazilian government confirm the thesis presented by sociologist Boaventura de Sousa Santos when he states that we currently live in a politically democratic society, but that it is socially fascist, where all dissent is criminalized.
Em plena Semana Santa, Cristo segue seu calvário e é crucificado junto com os Munduruku e os demais povos indígenas no Brasil.  
During Easter Week, Christ follows his ordeal and is crucified along with Munduruku and other indigenous peoples in Brazil.

Conselho Indigenista Missionário – Cimi
Indigenous Missionary Council - Cimi

Brasília, 27 de março de 2013 
Brasília, 27 March 2013  
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Bloggers nota / Bloggers note:
Além do artigo acima incluído neste blog é um mapa das terras indígenas da Kaiaby e Mundurukuy e os locais/processos por Vale de mineração (ouro).
In addition to the above article included in this blog post is a map of the indigenous lands of the Kaiaby and Mundurukuy and the locations/processes by Vale mining (gold).
Mapa fornecido pelo @PersonalEscrito via @TelmaMonteiro em http://twitpic.com/cetami/full.
Map provided by @PersonalEscrito via @ TelmaMonteiro at http://twitpic.com/cetami/full.

Entrevista a Latuff: Cartoons e a “ofensiva” das remoções da Copa / Interview with Latuff: Cartoons and the "offensive" of forced removals for the Cup

Postado originalmente por Global Voices em http://pt.globalvoicesonline.org/2013/03/27/brasil-latuff-entrevista-cartoons-copa/

Originally posted by Global Voices at http://pt.globalvoicesonline.org/2013/03/27/brasil-latuff-entrevista-cartoons-copa/

(The video below is unfortunately only available in Portuguese)


Esta entrevista, de Marcela de Genarocom o título O banco imobiliário da Cabralândia, faz parte da cobertura especial #CopaPública da Agência Pública, e foi publicada originalmente no dia da remoção da Aldeia Maracanã no Rio de Janeiro, 22 de março de 2013
This interview, Marcela Genaro, entitled The bank's real estate Cabralândia, is part of special coverage of # CopaPública Public Agency, and was originally published on removing Village Maracanã in Rio de Janeiro, March 22, 2013
Vai ajudar exatamente quem? Certamente o Eike Batista, a Coca-Cola, as grandes corporações que estão por trás disso. Mas o Zé Povinho, certamente não. 

Exactly who will help? Certainly Eike Batista, Coca-Cola, the big corporations that are behind it. But Zé Povinho/John Doe, certainly will not.
Assim pode ser resumida a posição, ou melhor, a oposição do cartunista Carlos Latuff  às transformações que a Cidade do Rio de Janeiro vive para receber a Copa do Mundo 2014 e as Olimpíadas 2016.
So the position can be summed up, or rather the cartoonist Carlos Latuff's opposition to the changes that the City of Rio de Janeiro is implementing to host the 2014 World Cup and 2016 Olympics.
O carioca de 44 anos, conhecido por defender causas humanitárias através de suas charges de traços simples e humor ácido concedeu entrevista à Agência Pública na qual analisa a preparação do Rio, que denomina “ex-Cidade Maravilhosa”, para os grandes eventos:
The 44 year old Rio resident, known for championing humanitarian causes through his cartoons using simple lines and acidic humor gave an interview in which the Public Agency in which he examines the preparation of Rio, which is called "ex-Marvelous City", for the aforementioned big events:
É uma ofensiva da especulação imobiliária. Ela agora pode avançar porque existe esse respaldo, que se trata de uma “coisa justa”, que vai promover a cidade lá fora. Acho que não foi à toa que a prefeitura lançou o jogo que é o Rio de Janeiro como banco imobiliário. Aquilo ali foi o melhor de todos os indicativos. Se a gente está falando de banco imobiliário não se trata dos interesses do cidadão que pega ônibus, que pega barca, pega trem. A gente está falando dos interesses dos players. 

It's an onslaught of speculation. She can now move forward because there is such support, it is a "fair thing" that will promote the city outside. Guess it was not for nothing that the city government launched the game that is Rio de Janeiro as Monopoly. That right there was the best of all indicative. If we're talking about Monopoly, this is not the interests of the citizen who takes busses, who take the ferro or who ride the trains. We're talking about the interests of the players.
O Banco Imobiliário Cidade Olímpica, criado pela fabricante Estrela, destaca obras recentes da cidade. A Prefeitura adquiriu 20 mil exemplares do jogo, a um custo de R$ 1.050.748, para distribuir em escolas públicas. O Ministério Público analisa se há irregularidades na compra do brinquedo, que promoveria o governo, como material didático.
The Monopoly game of the Olympic City, created by manufacturers, highlights recent developments in the city. The City acquired 20 thousand copies of the game, at a cost of R $1,050,748, to distribute in public schools. The prosecutor looks for irregularities in the purchase of the toy, which would promote the government, as teaching material.
Latuff também fala das remoções de comunidades por causa dos preparativos para Copa e as compara ao “Bota-abaixo”, como ficou popularmente conhecida a reforma urbana promovida pelo engenheiro Francisco Pereira Passos, prefeito entre 1902 e 1906, marcada pela “higienização” do Rio de Janeiro.
Latuff also speaks of removals of communities due to preparations for the World Cup and compares these preparations to "Demolitions" as it became popularly known urban reform promoted by engineer Francisco Pereira Passos, who was mayor between 1902 and 1906. This was a period marked by the "sanitizing" of Rio de Janeiro.
De fato o Rio de Janeiro não é um tabuleiro e nem um brinquedo. Tem sido tratado como tal, mas as pessoas que moram em favelas, nos quilombolas, nas áreas indígenas sabem que isso não é brincadeira. Remoção não é brincadeira, muito longe disso.                                                                              

 In fact, the Rio de Janeiro is not a boardgame nor a toy. It has been treated as such, but people who live in slums, the quilombolas or in indigenous areas know that this is no joke. Removal is not a joke. Far from it.    
     
Mascote da Copa 2014 por Carlos Latuff para a Agência Pública
Mascote da Copa 2014 por Carlos Latuff para a Agência Pública. Eike [Batista] é um empresário brasileiro e uma das 10 pessoas mais ricas do mundo
Mascot of the 2014 FIFA World Cup by Carlos Latuff for the Public Agency. Eike [Batista] is a Brazilian entrepreneur and one of the 10 richest people in the world.
A oposição do cartunista à política aplicada aos grandes eventos já lhe rendeu até mesmo um “passeio de viatura” até a delegacia, quando foi intimado a depor após fazer uma charge que criticava os Jogos Pan-Americanos de 2007:

The cartooonist's opposition to the policy applied to large events has in the past even earned him a "car ride" to the police station when he was subpoenaed to testify after making a cartoon that criticized the 2007 Pan American Games:

Tinha feito um desenho que era o mascote do Pan, Cauê, segurando um fuzil, dando um tiro para o alto com uma M16, uma favela ao fundo e um caveirão. Sob a alegação de que eu estava usando um desenho que era protegido por direitos autorais, fui chamado para prestar um depoimento numa delegacia. A polícia foi até a minha casa com uma intimação. 
What he had done was to draw Pan, Cauê, the mascot, holding a rifle, shooting into the air with an M16. The cartoon further had a slum/favela in the background, as well as an armored car. Under the allegation that I was using a design that was copyrighted, I was called to give testimony at a police station. The police came to my house with a subpoena.
Latuff não se intimidou. Na charge produzida para a Pública ao final da entrevista, novamente o protagonista é o mascote, este da Copa.
Latuff is not intimidated. In the cartoon that he produced for the public after this interview, again featured the mascot of this World Cup as the protagonist.
Confira o vídeo com a entrevista com o cartunista, que continua trabalhando para que os brasileiros percebam o outro lado dos grandes eventos:
Check out the video interview with the cartoonist, who continues to work for Brazilians who have a differing perspective of the these mega events:
Eu espero que haja um despertar de consciência, que a ficha caia  e que as pessoas não comprem esse gato por lebre. 
I hope there is an awakening of consciousness, that people come to realize what is going on and do not buy this pig in a poke. 
A estruturas responsáveis pela administração dos recursos à Copa do Mundo de 2014 e às Olimpíadas de 2016 precisam assumir a responsabilidade pelos seus atos e se existe algo que podemos fazer é deixar bem claro agora e para todo o sempre quem são e quem foram esses responsáveis.
The structures responsible for managing the resources at the 2014 World Cup and 2016 Olympics must take responsibility for their actions. We have to make it clear now and for all time to those who are and those who were responsible.
O depoimento de Carlos latuff é particularmente importante porque toca na ferida e se não existe a confluência de desejos entres as partes da sociedade que pelo menos fique clara e registrada a opinião de cada um.
The testimony of Carlos latuff is particularly important because it touches on a wound and whether there is a confluence of desires by different parts of society, that can at least be clear and the opinion of each can be recorded.
Latuff pode ser acompanhado no Twitter (@CarlosLatuff), Facebook, tem um blog e suas charges ilustram diversos artigos do Global Voices Online.
Latuff can be followed on Twitter (@ CarlosLatuff), Facebook, and has a blog. His cartoons also illustrage various articles of Global Voices Online.

O blog Copa Pública é uma experiência de jornalismo cidadão que mostra como a população brasileira tem sido afetada pelos preparativos para a Copa de 2014 – e como está se organizando para não ficar de fora.
The Copa Pública blog is an experiment in citizen journalism that shows how the Brazilian population has been affected by preparations for the 2014 World Cup - and how you can organize to not be left out.

#Brazil Violently Ousts #Indigenous Village Ahead of World Cup / Aldeia Maracanã se atravessa no caminho da Copa: #Indígenas expulsos com violência (#Brasil)

Originally posted by Global Voices in English at http://globalvoicesonline.org/2013/03/25/brazil-violently-ousts-indigenous-village-ahead-of-world-cup/ and in Portuguese at http://pt.globalvoicesonline.org/2013/03/23/brasil-rio-aldeiamaracana-copa-indigenas/


Article by Raphael Garcia Tsavkko (@Tsavkko no Twitter)

Artigo por Raphael Tsavkko Garcia (@Tsavkko on Twitter)

A versão em Português este artigo for publicado immeately abaixo a versão em Inglês.


[All links lead to pages in Portuguese unless otherwise specified].
Brazilian riot police violently evicted a group of indigenous people from a former museum they had occupied in Rio de Janeiro to make way for 2014 World Cup construction.
Baton-wielding police agents stormed the one-time Museum of the Indian building on 22 March, 2013, launching tear gas and tussling with the indigenous people and their supporters who had set up barricades overnight to repel the invasion.
The building is close to the city's famous Maracanã Stadium [en] and will be made into a sports museum ahead of the 2014 World Cup [en] and the 2016 Olympic Games [en].
Brazilian authorities previously tried to oust the building's indigenous residents, who have become known as the Maracanã Village and have occupied the empty space for six years, in January. Maracanã Village now becomes the latest [en] in a series of evictions [en] that have drawn criticism from human rights defenders [en] as Brazil prepares to host the World Cup.
Activist Paula Kossatz posted a video on Facebook which shows the police arresting protesters at dawn ahead of the invasion.
The collective Diário Liberdade reported that the police force behind the eviction was about one hundred agents strong equipped with “rubber bullets, pepper spray, and batons”:
Ao que parece, segundo as primeiras informações, houve moradores da Aldeia Maracanã feridos na sequência da invasão. Entre eles, um menino de quatro anos que sofreu as consequências do gás pimenta policial. Ainda, uma mulher grávida foi reprimida violentamente e presa.
It seems, according to preliminary information, that there were residents from the Maracanã Village who were injured as a result of the invasion. Among them, a four-year old boy who suffered the consequences of pepper spray. Also, a pregnant woman was violently restrained and arrested.
Foto de Norbert Suchanek. Usada com permissão.
“Together we are many, united we are one.” Photo by Norbert Suchanek. Used with permission.
On 12 January, 2013, Global Voices covered the first attempt [en] to boot out roughly 23 families living in the historical building. In that incident, military police with the help of riot squads laid siege to the “living museum” of indigenous people, as Maracanã Village is called by many people nowadays, without any prior warning or court order. The attempt mobilised indigenous people and protesters who successfully prevented a planned demolition.
A little more than a month later, the state of Rio de Janeiro Governor Sérgio Cabral announced that the building would be converted into a Brazilian Olympic Committee museum. Eliomar Coelho, a Rio de Janeiro city councilor for the Socialism and Freedom Party [en], proposed that the site be designated a national heritage, but the proposal was rejected on 14 March, 2013.
Only 12 former dwellers of Maracanã Village (the official press release says 22) accepted the state government's proposal to stay temporarily in a settlement of containers in the patio of a former leprosy hospital in Jacarepaguá, where a Cultural Center for Indigenous Peoples is expected to be constructed. The place houses more than two thousand people and was rejected by the majority of the indigenous group because it is isolated and offers no jobs perspectives.
Outraged by the decision to evict them from the site, the 75 indigenous people living in Maracanã Village decided to resist and did not do it on their own, as Fluminense Federal University professor Fernanda Sánchez reported on the Blog da Raquel Rolnik:
As lideranças indígenas são apoiadas por diversos movimentos sociais, estudantes, pesquisadores, universidades, comitês populares, organizações nacionais e internacionais de defesa dos Direitos Humanos, redes internacionais e outras organizações da sociedade civil. A luta dos índios e o conflito estabelecido entre o governo e o movimento resultaram num importante recuo do governo, que diante da pressão social desistiu da demolição do prédio e passou a defender a sua “preservação”. A desocupação do prédio foi decretada, com hora marcada.
The indigenous leaderships are supported by several social movements, students, researchers, universities, popular committees, national and international Human Rights organizations, international networks and other civil society organizations. The indigenous struggle and the conflict established between the government and the social movement resulted in a significant government retreat when, in face of the social pressure, it gave up the demolition of the building and started to stand for its “preservation”. The forced eviction of the building was declared to happen according to appointment.
Manifestantes fecham avenida Radial Oeste em protesto após entrada da PM na Aldeia Maracanã. Foto de Artur Romeu, usada com permissão.
Protesters closed off the avenue Radial Oeste after military police entered into the Maracanã Village. Photo by Artur Romeu. Used with permission.
And she concluded:
Os manifestantes, em absoluta condição de desigualdade frente à força policial e seu aparato de violência, lançaram mão de instrumentos bem diferentes daqueles utilizados pelo Batalhão de Choque: ocuparam o prédio para apoiar os índios, resistiram à sua desocupação e manifestaram, no espaço público, nas ruas e avenidas do entorno do complexo do Maracanã, sua reprovação e indignação frente à marcha violenta desta política.
The protesters, absolutely outmatched by the police force and their apparatus of violence, resorted to instruments quite different from those used by the riot squad: they occupied the building in order to give their support to the indigenous group; resisted to its eviction; and protested, in the public space, in the streets and avenues within the Maracanã complex, to show their disapproval and outrage in the face of violent political development.
During the eviction, journalists trying to do their job as well as activists were hit by pepper spray and some were injured by the police. Cartoonist Caros Latuff recorded images of the police brutality and posted them on YouTube:
While criticizing police violence in a video interview, federal Congressman Marcelo Freixo, who is the chairman for the Committee for Human Rights in the Legislative Assembly of Rio de Janeiro, was taken by surprise as police launched tear gas nearby. The collective Juntos reproduced his words on Facebook:
A PM agiu arbitrariamente. Não era preciso o uso da força. Era um grupo pequeno que estava lá quando o Batalhão de Choque entrou. Mesmo que alguns resistissem, era possível a retirada das pessoas sem violência. Chegaram a lançar spray de pimenta nos parlamentares, no promotor e no defensor público.
The military police acted in an arbitrary fashion. There was no need to make use of force. It was a small group who was there when the riot squad came in. Even in the case of resistance on the part of some, it would still be possible to remove the people without violence. They even used pepper spray against the congressmen, the prosecutor, and the public defender.
Manifestante é arrastada por policiais do Choque. Foto de Artur Romeu, usada com permissão.
A protester is dragged by riot policemen. Photo by Artur Romeu. Used with permission.
Activist Bruno Guimarães wrote an extensive report on Facebook about the violent eviction process which he witnessed:
Todos os que estávamos por lá, mais de 500 pessoas, receberam gás lacrimogênio, pois fomos cercados e ora a polícia de um lado, ora a de outro, nos atacava, não havendo ponto de fuga. Os membros da imprensa protestavam, os manifestantes também, alvos de uma violência despropositada. A hora seguinte foi de batalha campal. E de sadismo, policiais que gritavam “voltem para a floresta, seus índios”, ou que riam de nós por não termos as máscaras para nos proteger do gás. Cheguei em um deles, pedi para poder sair dali, disse que não era do Rio, era turista, questionei tanta violência, e ele me disse “pois estamos fazendo isso daqui é para vocês, turistas, mesmo. Só estamos cumprindo ordens”.
All of us who were there, more than 500 people, were hit by tear gas, because we were surrounded and it was one time the squad on one side, another time the squad on the other side who attacked us, no way of fleeing. The press people complained, the protesters too, targets of unreasonable violence. The following hour was a field battle. And there was sadism, policemen who cried “go back to the forest, you Indians , or otherwise they laughed at us for not having the masks that would protect us from the tear gas. I came close to one of them, asked to be let free, I said I was not a resident of Rio, that I was a tourist there, I questioned the reason for so much violence, and he said to me “we are doing this exactly for you, tourists. All we are doing is following orders”.
The Agência de Notícias das Favelas (Slums News Agency) posted on YouTube a video that shows tear gas being thrown at protesters:
Guilherme Pimentel, from the collective magazine Vírus Planetário, wrote a brief report on the mistakes made during the eviction:
1 – O governo (Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos do Estado) se negou a negociar no local e disse que só negociaria depois de retirados todos os indígenas. Essa postura gerou um grande impasse.
2 – Os oficiais de justiça preferiram a velocidade do que a qualidade do cumprimento da “ordem” de despejo, vetando propostas que tomariam muito tempo e ignorando inclusive a condição expressamente colocada pelo juiz de não utilizar nenhuma forma de violência.
3 – A PM descumpriu sua palavra de não agir com violência na desocupação do local, mesmo com os manifestantes já cedendo e saindo por vontade própria, já com os portões abertos e sem cadeado…
1 – The government (State Secretary for Social Service and Human Rights) refused to negotiate at the site and said that it would only negotiate after all the indigenous people had been evicted. Such attitude generated a serious deadlock.
2 – Justice officials preferred speed over quality in the compliance of the eviction “order”, vetoing proposals that would take a long time and even ignoring the condition explicitly placed by the judge not to use any form of violence.
3 – Military police failed to comply with their word not to act violently during the eviction, even with the demonstrators already yielding and leaving at will, with the gates already open and without a lock …
Activist Pedro Rios Leão recorded several scenes of violence against protesters, as well as YouTube user Aquilante Leonel:
Federal Congressman Chico Alencar, a member of the Socialism and Freedom Party, stated on Facebook that the fight will go on:
Marx escreveu que ‘a história só se repete como tragédia ou como farsa'. Taí: Cabral invadiu a Aldeia Maracanã, com suas naus cruzadistas, e expulsa seus nativos. Mas a luta vai prosseguir, e os ‘conquistadores’ contemporâneos, mercadores dos espaços urbanos, encontrarão resistência!
Marx wrote that “History only repeats itself as tragedy or as farce”. That is it: Cabral invaded Maracanã Village with his crusader ships and expels his natives. But the struggle shall go on, and the “conquerors” of today, merchants of the urban space, will meet resistance!


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O acampamento indígena da Aldeia Maracanã, no antigo Museu do Índio no Rio de Janeiro, foi desocupado com violência por policiais do Batalhão de Choque da Polícia Militar no dia 22 de março. Situado ao lado do famoso estádio do Maracanã, o edifício se atravessa no caminho das obras para a Copa do Mundo de 2014 e Jogos Olímpicos de 2016.
O cerco do Batalhão de Choque aos indígenas e seus apoiantes na área da Aldeia Maracanã começou na madrugada de 21 para 22 de março. Os indígenas montaram barricadas durante a madrugada para resistir, mas a invasão acabou por acontecer por volta do meio dia.
A ativista Paula Kossatz postou um vídeo no Facebook mostrando agressões mesmo antes da invasão, pela manhã, e o coletivo Diário Liberdade informou que os cerca de cem elementos da polícia entraram equipados “com balas de borracha, gás de pimenta e cacetetes”:
Ao que parece, segundo as primeiras informações, houve moradores da Aldeia Maracanã feridos na sequência da invasão. Entre eles, um menino de quatro anos que sofreu as consequências do gás pimenta policial. Ainda, uma mulher grávida foi reprimida violentamente e presa.
Foto de Norbert Suchanek. Usada com permissão.
Foto de Norbert Suchanek. Usada com permissão.
O Global Voices cobriu a primeira tentativa de expulsão, a 12 de janeiro, das cerca de vinte e três famílias que ocupam há 6 anos o prédio de grande importância histórica no Brasil. A altura, o cerco ao “museu vivo” do índio, como a Aldeia Maracanã é hoje chamada por muitos, foi feito sem aviso prévio nem mandado judicial pela polícia militar, reforçada com tropas de choque, e mobilizou indígenas e manifestantes que conseguiriam evitar a demolição.
Pouco mais de um mês depois, o Governador do Rio, Sérgio Cabral, anunciou que o edifício viraria museu do Comitê Olímpico Brasileiro. Eliomar Coelho, vereador do PSOL no Rio, propôs o tombamento da área, porém a proposta foi derrotada a 14 de março em votação na Câmara dos Vereadores da cidade.
Indignados com sua expulsão, os indígenas decidiram resistir, e não o fizeram sozinhos, informa a professora da UFF Fernanda Sánchez:
As lideranças indígenas são apoiadas por diversos movimentos sociais, estudantes, pesquisadores, universidades, comitês populares, organizações nacionais e internacionais de defesa dos Direitos Humanos, redes internacionais e outras organizações da sociedade civil. A luta dos índios e o conflito estabelecido entre o governo e o movimento resultaram num importante recuo do governo, que diante da pressão social desistiu da demolição do prédio e passou a defender a sua “preservação”. A desocupação do prédio foi decretada, com hora marcada.
Manifestantes fecham avenida Radial Oeste em protesto após entrada da PM na Aldeia Maracanã. Foto de Artur Romeu, usada com permissão.
Manifestantes fecham avenida Radial Oeste em protesto após entrada da PM na Aldeia Maracanã. Foto de Artur Romeu, usada com permissão.
E completou:
Os manifestantes, em absoluta condição de desigualdade frente à força policial e seu aparato de violência, lançaram mão de instrumentos bem diferentes daqueles utilizados pelo Batalhão de Choque: ocuparam o prédio para apoiar os índios, resistiram à sua desocupação e manifestaram, no espaço público, nas ruas e avenidas do entorno do complexo do Maracanã, sua reprovação e indignação frente à marcha violenta desta política.
Durante a desocupação, jornalistas foram atingidos por spray de pimenta enquanto tentavam fazer seu trabalho, ao passo que ativistas eram covardemente agredidos e feridos. O cartunista Caros Latuff gravou imagens da brutalidade policial e as postou no Youtube:
Enquanto criticava o uso de violência por parte da polícia em entrevista vídeo, o Deputado Federal Marcelo Freixo, presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro, foi surpreendido por mais violência. O coletivo Juntos, no Facebook, reproduziu suas palavras:
A PM agiu arbitrariamente. Não era preciso o uso da força. Era um grupo pequeno que estava lá quando o Batalhão de Choque entrou. Mesmo que alguns resistissem, era possível a retirada das pessoas sem violência. Chegaram a lançar spray de pimenta nos parlamentares, no promotor e no defensor público.
Manifestante é arrastada por policiais do Choque. Foto de Artur Romeu, usada com permissão.
Manifestante é arrastada por policiais do Choque. Foto de Artur Romeu, usada com permissão.
O ativista Bruno Guimarães fez um extenso relato no Facebook do processo de desocupação violenta que acompanhou:
Todos os que estávamos por lá, mais de 500 pessoas, receberam gás lacrimogênio, pois fomos cercados e ora a polícia de um lado, ora a de outro, nos atacava, não havendo ponto de fuga. Os membros da imprensa protestavam, os manifestantes também, alvos de uma violência despropositada. A hora seguinte foi de batalha campal. E de sadismo, policiais que gritavam “voltem para a floresta, seus índios”, ou que riam de nós por não termos as máscaras para nos proteger do gás. Cheguei em um deles, pedi para poder sair dali, disse que não era do Rio, era turista, questionei tanta violência, e ele me disse “pois estamos fazendo isso daqui é para vocês, turistas, mesmo. Só estamos cumprindo ordens”.
A Agência de Notícias das Favelas postou, no Youtube, vídeo com bombas de gás sendo jogadas nos manifestantes:
Guilherme Pimentel, do coletivo da revista Vírus Planetário fez um breve relato dos erros da desocupação:
1 – O governo (Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos do Estado) se negou a negociar no local e disse que só negociaria depois de retirados todos os indígenas. Essa postura gerou um grande impasse.
2 – Os oficiais de justiça preferiram a velocidade do que a qualidade do cumprimento da “ordem” de despejo, vetando propostas que tomariam muito tempo e ignorando inclusive a condição expressamente colocada pelo juiz de não utilizar nenhuma forma de violência.
3 – A PM descumpriu sua palavra de não agir com violência na desocupação do local, mesmo com os manifestantes já cedendo e saindo por vontade própria, já com os portões abertos e sem cadeado…
O ativista Pedro Rios Leão gravou diversas cenas de violência contra manifestantes, bem como o usuário do Youtube Aquilante Leonel:
Há ainda a denúncia de que um arma sônica, potencialmente letal, teria sido usada pela primeira vez no país contra os manifestantes.
O Deputado Federal Chico Alencar (PSOL), por fim, no Facebook, afirmou que a luta irá continuar:
Marx escreveu que ‘a história só se repete como tragédia ou como farsa'. Taí: Cabral invadiu a Aldeia Maracanã, com suas naus cruzadistas, e expulsa seus nativos. Mas a luta vai prosseguir, e os ‘conquistadores’ contemporâneos, mercadores dos espaços urbanos, encontrarão resistência!